segunda-feira, 27 de julho de 2015

Banco de dados dos Membros Inativos do Ministério Público de Santa Catarina


Reencontrando o blogue

Olá pessoas.
Mais de dois anos sem dedicar um tempo especial a este espaço.
A ideia inicial era o de registrar minhas memórias e opiniões sobre questões que me chamam a atenção.
Tantas coisas nos ocorrem em mais de dois anos...
...e outras tantas hão de ocorrer.
Mas cá estou. Às 01h30 de 27 de julho de 2015.Antes tarde que mais tarde.
Capítulos novos da vida deste que lhes escreve ocorreram, talvez, dignos de roteiro de novela daquelas mexicanas (risos). Avanços, conquistas, perdas de amizades, novas amizades que surgiram, o fim de um estágio, o início de uma carreira, o fim de um curso de faculdade, o amor me mostrando que não há espaço para covardes e mentirosos quando se há franqueza e companheirismo mútuo. Como diz uma música por aí "viver é uma arte um ofício, só que precisa cuidado". Olha pessoa que me lê neste momento: viver é uma arte livre, um ofício que cativa, o cuidado apenas surge quando lembramos que deveríamos ter cuidado. Como não há ensaios ou treinos antes de começar a vida, vamos fazendo parte dela.
Mulheres, homens (ou tudo ao mesmo tempo) que deram uma passadinha aqui, o
brigado por ter se "perdido" por aqui. Esporadicamente, mas sem desaparecer, lançarei algumas ideias e/ou opiniões.
Abraços a vocês.
Vou saindo, é 01h35.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Um dia de greve de ônibus: Efemérides

Na segunda-feira (10/06) iniciou a greve dos trabalhadores do transporte coletivo na capital (Florianópolis) e era justo o dia em que meus vales-transporte poderiam ser recarregados. Como ir?? Daí minha irmã diz que uma das empresas estava operando e resolvi arriscar. Andei uns 10 minutos e peguei um ônibus da empresa Paulotur. E assim fui para Floripa.
Chego lá e vejo cenas típicas de um dia de greve: Vans fazendo o "tapa-buraco" para levar alguns passageiros, ruas praticamente vazias, comércio meio sem ter para quem vender e lá vou eu ao banco pagar uma conta. Duas pessoas à minha frente apenas (milagre para uma segunda na hora do almoço). Em seguida me dirigi ao SETUF recarregar meus VT's. Eram quase 12h e peguei a senha nº 2 no setor Jotur/Biguaçu (que movimento intenso hein?). 
Faço a minha recarga e, quando estou saindo começa a soar o badalar dos sinos em alto e bom som. Ato contínuo uma voz feminina perplexa ressoa: 
- O que é iiiissssooo??? Sino de Igreja a esta hora? Aonde isssoooo?
Parei, olhei para o segurança e comentei com ele:
- Só em dia de greve para ouvirmos OS SINOS DA CATEDRAL NÉ? (neste momento elevei o tom da voz). 
O Segurança assente com a cabeça e me diz: 
- Só assim mesmo, é sempre berros, buzinas, trânsito, não se ouve a cidade.
Ao som dos sinos da Catedral pude "ouvir" a cidade, senti-la. A Catedral que seguramente fica uns 500 metros do local onde eu estava e nitidamente pudemos ouvir os sinos conclamando a cidade para o almoço, ela que todos os dias faz isso, mas a "gritaria" da cidade impede-a de se fazer ouvida. Passei ali no TICEN e resolvi calmamente olhar e fotografar o espaço totalmente vazio (fotos abaixo), até os costumeiros pombos, em sua maioria, haviam saído para outros cantos. 
Então resolvi passear e me dirigir até a Rua Bocaiúva para almoçar com minha namorada, o "som da cidade" cada vez mais nítido para mim, os poucos fios de conversas que eu ouvia aqui e ali falavam da greve e a grande maioria concordava com a decisão dos trabalhadores. 
Almocei com meu amor, conversamos, nos despedimos e voltei caminhando pela Avenida Mauro Ramos, passando pela Gel.Bittencourt, Anita Garibaldi, Saldanha Marinho, Praça XV, Felipe Schimitt, Deodoro, Mercado Público e fui em direção ao Terminal Rita Maria.
Senti o Centro da cidade pedindo um pouco mais de paz e sossego e respeito. Peguei meu Paulotur retornando para Palhoça e cheguei em casa, ainda com as 12 badaladas do sino da Catedral nítidos em minha mente.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O gosto musical pessoal

Música. Quem não gosta? Independente do gênero, letra, melodia, tempo que foi gravado, enfim, creio ser uma tarefa difícil encontrar alguém que deixe de apreciar algum tipo de música.
Flauta encontrada no Sul da Alemanha em 2009: 35 mil anos
O primeiro instrumento fabricado pelo homem para emitir sons que se tem notícia é um flauta e, de acordo com testes com carbono 14, data de 30 a 40 mil anos atrás. O gênero humano buscou pelo som bem antes do que imaginamos.
Das canções ou músicas ritualísticas, para a profusão sonora que temos hoje, vão-se umas boas dezenas de milênios. A música sofisticou-se, se ela melhorou ou piorou não quero entrar nesse mérito, mas tão certo quanto o ar que precisamos para nos mantermos vivos, a música é figura presente na história da humanidade.
Enfim, escrevi isso para compartilhar de algo pessoal, mas que certamente fez, faz ou fará parte da vida de quaisquer pessoas: A formação do gosto musical.
A minha posso dizer que é um caldeirão com diversos temperos, com gostos estranhos e outros nem tanto, mas como consta em uma canção do grupo de rock nacional Titãs "o meu bom gosto pode não ser o mesmo bom que o seu", e, assim, por momentos hermética e outras aberta, minhas preferências musicais foram se montando num intrincado labirinto de sons, momentos, causalidades e casualidades, contatos com preferências alheias, enfim, cada indivíduo trilha de formas diversas determinados caminhos.
No meu caso, as primeiras influências foram os pais - normalmente são eles os primeiros - que possuíam gostos distintos e, por tabela, ajudou a ampliar o meu: Ele curtia sertanejo, bandas baile, rock; Ela, rock, músicas românticas diversas - italianas de preferência, discoteca e sertanejo. E foram sons assim que ouvia quando criança. De um Sérgio Reis para um Nazareth era um pulo (risos), e isso nos tempos dos bons "bolachões", os vinis ou LP's, isso sem contar as infindáveis fitas cassete com músicas gravadas durante as sequências nas emissoras de rádio.
E veio a rua, o colégio, as galerinhas e aí veio o pop ('poperô' na gíria da época), músicas de grupos de adolescentes, samba e mais rock. Sem contar que eu peguei o final do Chacrinha e uns anos mais do Clube do Bolinha, ali ouvia-se música de tudo que era estilo. A adolescência foi o período do refinamento do meu gosto, de minhas prioridades musicais, mas aberto a outras variáveis. O rock veio a ser o meu estilo musical favorito, junto com seus infindáveis gêneros e subgêneros, a MPB veio no encalço, o soul, o gospel, aqueles velhos 'bregas' dos 70's e 80's. Mas veio minhas reprovações musicais: O som do funk dito carioca e o axé passam longe do meu aparelho de som.
E hoje cá estou, num caldeirão musical em que o rock e a MPB reinam mas, de forma democrática, compartilham espaço com outros ritmos, dependendo do meu momento, conjuntura e tudo o mais.
"Quem sabe um dia eu escreva uma canção para você", fala o Legião Urbana em uma de suas canções. Tantos artistas dos mais variados estilos de alguma forma escreveram algo para mim, não exatamente para mim, mas no sentido de que canções várias se encaixaram em inúmeros momentos de minha vida, as músicas e suas letras por vezes me alegraram ou me confortaram, mesmo as sem letra, mas com muito sentimento. Não há vez que eu ouça Chopin, por exemplo, que não fique como hipnotizado, pensando, com o olhar perdido no horizonte ao magnífico som do piano. É a "letra invisível" que alcança nossa alma.
É isso paciente leitor(a), compartilho de como meu gosto musical se formou para que não deixe a música ser apenas um som perdido em algum momento de seu dia a dia. Se deixe envolver por ela, se envolva com ela, relacione-se com o que estás ouvindo aí em seu mp3, celular, som do carro, computador, reflita com a letra,  pense com a melodia, faça do som o que as batidas do coração fazem por você, ou seja, torne-o imprescindível, pois seus ouvidos e mente agradecerão.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Rua Alferes Tiradentes: A epopeia de uma pavimentação


Vendo a obra de calçamento da parte da rua onde moro, a Rua Alferes Tiradentes, em Palhoça-SC, me fez pensar em algumas coisas;
1- Esse calçamento iniciou em janeiro de 2003 na gestão do já falecido prefeito Paulo Vidal, à época do PSDB;
2- A obra foi interrompida: A empreiteira responsável à época (Sul Catarinense, alegou que não recebera os pagamentos por parte da Prefeitura); O Sec. de Obras à época, o atual vereador e, também, não reeleito Ademir Farias, à época do PFL (hoje DEM), nada sabia; O prefeito alegou que cortes no Orçamento Federal afetaram a liberação do recurso. Detalhe: A verba era "fechada" e já enviada, ou seja, para algum lugar parte dos R$ 194 mil destinados à época se foram;
3- Entre 2005 a 2008 foram encaminhados pedidos de informação e um empenho de R$ 150 mil para o Orçamento 2009 sobre e para a conclusão do calçamento. Os pedidos de informação nunca foram respondidos e o emprenho, aprovado pelo Prefeito Ronério Heiderscheidt, do PMDB, nunca se viu revertida na conclusão da obra. Tanto o empenho quanto os pedidos de informação foram feitos pelo ex-vereador Manoel Scheimann da Silva - PT;
4- Entre 2004 a 2010 diversos foram os abaixo-assinados solicitando a conclusão do calçamento. A explicação da Sec.de Obras, agora sob a gestão de Aroldo Heiderschedt - PMDB: Esta via está totalmente calçada. (descobri que moro em outro lugar com isso);
5- Querem o mais curioso? Nas divulgações de pacotes de pavimentação feitos na imprensa pela gestão municipal entre 2007 a 2012, aparece o nome da Rua Alferes Tiradentes entre uma das contempladas, sempre com financiamento do BADESC (mas não era a própria prefeitura que afirmava estar totalmente calçada?).
6- Após um hiato de 2 anos..
7- Estação Palhoça, novo terminal de transporte coletivo é inaugurada em 06 de junho do corrente. Os coletivos passam a entrar pela rua Santos Dumont e saem pela Rua Alferes Tiradentes, sim, essa mesmo, de chão batido e com 650 ônibus/dia passando.
8- Duas semanas após os moradores da rua passaram a protestas e fecharam a via com canos, caixas de fruta e entulhos variados. A exigência da comunidade: CONCLUSÃO DO CALÇAMENTO DA RUA ALFERES TIRADENTES;
9- De junho a meados de outubro apenas pedestres, ciclistas, motos e carros pequenos transitavam pela via. A via lateral, Rua Floriano Peixoto fora calçada em outubro;
10- É liberada em fins de setembro o financiamento do BADESC para a pavimentação de diversas vias do município, entre elas, a Rua Alferes Tiradentes. Um candidato a vereador usou do documento de empenho como material de campanha. O resultado: O candidato a vereador não se elegeu;
11- Dia 08 de novembro de 2012, 08h da manhã: Oficialmente os primeiros meios-fio, carradas de areia, máquinas abrindo espaço para construir o sistema pluvial e as primeiras lajotas começam a ser colocadas nos últimos 200m da Rua Alferes Tiradentes. Via esta que existe desde 1978, com o surgimento do Loteamento Jardim dos Eucalyptos (hoje nominado Jardim Eucaliptos), bairro Ponte do Imaruim. Em 2003 ganhou 800m de calçamento e rede pluvial, mas justamente os 200m restantes, curiosamente o trecho mais movimentado da via, ficou a ver navios de fevereiro 2003 a novembro de 2012, ou seja, 9 anos e 9 meses de espera.

Esta é a ode da pavimentação de uma rua no município de Palhoça Santa Catarina.
Mas quantas ruas e comunidades por esse país não passam por igual situação?
Passam pelos obscuros desencontros de informações, certamente premeditadas para iludir o cidadão, os usos eleitoreiros de algo que nada mais é que dever da Gestão Pública em proporcionar ao cidadãos que pagam seus tributos e o mínimo que aguardam é o bom uso dos recursos arrecadados.
Até aqui o Tiradentes fora um lutador, injustiçado e esquartejado (afinal, fora calçado em partes).

sábado, 9 de junho de 2012

Sistema Integrado de Transporte em Palhoça: Encontros e desencontros

Estação Palhoça
Após meses de idas e vindas, desde o dia 07 de junho último está em funcionmento o "Sistema Integrado de Transporte" - SIT - em Palhoça. A empresa JOTUR, que tem concessão de 2/3 das linhas disponíveis na cidade há mais de 35 anos e as terá por mais 20, recebeu da Prefeitura Municipal de Palhoça a incumbência de erguer quatro terminais na cidade, sendo que 1 deles seria o principal e serviria de ligação bairros-estação-Florianópolis. A maior delas, batizada de "Estação Palhoça" está pronta e funcionando a todo o vapor.
Como toda a mudança de grande magnitude, o mínimo que podemos pensar é que tem de ocorrer um bom planejamento, muitas reuniões entre as partes interessadas e, claro, uma divulgação ampla, visando preparar, informar e trazer menores transtornos. Não foi o que ocorreu a respeito da implantação do SIT em Palhoça.
Algumas pessoas dizem que as tais mudanças foram amplamente divulgadas na imprensa escrita, televisiva e radiofonica, bem como reuniões ocorreram com ampla divulgação. Sinceramente o que se vê desde o começo do novo sistema de transortes, é a desinformação por parte da população usuária. Infelizmente não ocorreu uma massiva camapnha de informação sobre o como funcionaria o novo sistema de transporte. Não se viu cartazes nos pontos, dentro dos ônibus, carros de som informando ou quaisquer formas de comunicação que atingissem de forma antecipada a população e, consequentemente, trazendo menos transtornos ao público. 
Nas páginas virtuais da Jotur e da Prefeitura Municipal nada de viu em termos de informações. As tais reuniões informativas nos bairros reuniram em média algo em torno de 30 a 40 pessoas. Eu que moro ao lado da nova Estação Palhoça e, consequentemente, da garagem da empresa Jotur, que ouço rádio AM pelas manhãs e lê jornal com alguma frequência, não vi, ouvi ou li sequer um único informe dessas reuniões, como querem uma população bem esclarecida e participativa se o processo não é bem organizado? O resultado foram alterações radicais de um dia para o outro com um impressionamte número de transtornos para os usuários do transporte coletivo. Com o que a empresa Jotur lucra com as passagens de ônibus e a Prefeitura de Palhoça com o IPTU, ISS e outros impostos e taxas, seria de bom tom uma boa e organizada campanha de panfletagem em cada bairro com materiais específicos explicando as mudanças, assim como carros de som transitando e informando das alterações seguido daí pelas reuniões nos bairros. Como o que a Jotur e a Prefeitura de Palhoça pensa normalmente é distante do que a população precisa e necessita. Tivemos e ainda temos problemas na implementação do SIT.
Via de acesso a Estação
Ainda no campo dos desencontros, temos a seguinte situação: A Jotur recebe da Prefeitura a missão de erguer Estações de ônibus e formatar todo o sistema de transporte coletivo, bem como mais 20 anos de concessão. O grande problema é que a Jotur fez sua parte, mas a Prefeitura simplesmente deixou de lado uma questão básica: A mobilidade urbana. Sem ela não há horários de ônibus que sejam cumpridos, afinal, das outrora 280 opções de horários, Palhoça passou a ter 1.200 horários diários circulando, isso sem contar os 450 horários que chegam de Flrianópolis e São José para Palhoça. Nenhuma via em Palhoça foi alvo de manutenção e nova pavimentação, tampouco sinalização e adequação. Exemplo basico são as vias de entrada e saída da Estação Palhoça: Na entrada a via de acesso tem o calçamento em condições precárias e a rua de saída da Estação é de chão batido, incompatível com a quantidade de ônibus que por ela passam, tanto que os moradores fecharam neste sábado por 1h a rua em protesto pelo descaso da Prefeitura que desde 2003 não conclui a pavimentação da referida via. Agora é necessária uma pavimentação asfáltica. A administração municipal ficou rindo atoa e simplesmente jogou as batatas quentes para a Jotur e comunidade. Planejamento mesmo que era bom, praticamente inexiste.
Sobre as linhas e horários do novo sistema temos prós e contras. Como citado cima, a quantidade de horários disponíveis dentro de Palhoça mais que quadruplicou, afinal, 90% das linhas que saíam dos bairros diretamente para Florianópolis não o fazem mais, pois vão para a Estação Palhoça e de lá o passageiro pega uma das 4 linhas disponíveis rumo a Florianópolis em ônibus articulados (que por sinal são novos e bem confortáveis). Não se paga mais por isso. Quem vem dos bairros para a Estação, paga R$ 2,45 e, se este desejar ir a Florianópolis, paga mais R$ 1,30, perfazendo o valor de R$ 3,85. Quem possui os cartões eletrônicos apenas integra de um ônibus para o outro. O ônus tem sido o descompasso entre os horários de chegada de todas as linhas vindas dos bairros com a saída dos ônibus que vão para Florianópolis, a solução por enquanto tem sido a de apenas liberar as linhas para a Capital apenas quando as linhas dos bairros chegarem a estação, ou seja, a título de exemplo, um Estação Palhoça Semi-Expressa que deveria sair às 09h acaba saindo às 09h15. Dependendo do caso o tempo de viagem aumentou consideravelmente. Por exemplo, Quem antes pegava a linha Caminho Novo - Florianópolis levava em média 50 minutos para chegar ao Terminal Central de Florianópolis, hoje este mesmo passageiro precisa pegar um Caminho Novo - Estação ou São Sebastião via Caminho Novo - Estação e daí pegar um Estação - Ticen, considerando os tempos de espera para pegar estes ônibus somado a viagem, pode-se levar quase 1h30 para chegar, mas pode levar 1h, caso o passageiro pegue um Estação - Ticen Direto, que vai pela BR 101. Ajustes devem e precisam ser feitos.
Sobre a Estação Palhoça em si, ela supre as necessidades e foi bem construída, há um bom número de fiscais e funcionários para sanar as dúvidas dos passageiros e o embarque/desembarque flui bem. O que chama a atenção é que a Estação não fica na região central de Palhoça, pelo contrário, ela fica localizada no extremo norte da cidade, bem deslocada de quase todos os bairros, aqui esbarramos mais uma vez no problema da Prefeitura não planejar o desenvolvimento urbano da cidade, já que o Plano Diretor data do distante ano de 1993 e desde 2008 o mesmo vem sendo infrutíferamente debatido sem chegar a um direcionamento prático. Com um Plano Diretor atualizado certamente não teríamos absurdos como uma Estação Central ficar quase fora da cidade.
 Parte dos problemas que os palhocenses tem passado nesse processo de adaptação ao novo SIT foi sentida pelos florianopoplitanos em 2000, quando foram implantados os terminais integrados no Centro e nos bairros, porém lá, com todos os canais de TV, emissoras de rádio e principais jornais sediados na Capital, as informações e campanhas de orientação foram feitas, mesmo assim muitos transtornos ocorreram, problemas com os valores das tarifas e ausências de horários de muitas linhas. Com o tempo ajustes foram feitos, outros, como a tarifa única, foram efetuados uns três a quatro anos após. Tanto lá como cá o grande e principal problema é o mesmo: O valor da tarifa. Florianópolis e região detém o título de vice no tocante a tarifa mais cara do pais, perdendo apenas para São Paulo. Os valores das passagens das linhas que transitam pela Grande Florianópolis variam de R$ 2,45 (linhas de bairro em Palhoça) a R$ 8,30 (linha Florianópolis - Pinheira), a média fica em torno de R$ 3,00 em todas as linhas. As mais de 10 empresas que prestam serviços via concessão pública possuem uma frota com veículos em condições duvidosas de manutenção e a renovação de frota não acompanha a grande arrecadação que essas empresas conquistam.
Ônibus articulado passando pela rua onde moro, que é a saída da Estação
O dia que as necessidades e desejos da população que usa o transporte coletivo se encontrarem com o que as empresas e administrações municipais oferecem, evitando os inúmeros desencontros que ocorrem dia a dia, certamente poderemos chegar a um caminho único que leve a soluções práticas para a mobilidade urbana de uma região que possui quase 1,5 milhão de habitantes. Pouco adianta erguer novos terminais e comprar meia dúzia de ônibus novos, planejamento estratégico vai bem além disso.
Enquanto isso todos os ônibus da Estação Palhoça passam pela rua de chão batido onde moro. Que integração, não?

domingo, 29 de janeiro de 2012

Dickens, Um Conto de Duas Cidades, e a literatura histórica

Após um período sem atualizações no blog, abro os trabalhos em 2012 distanciando-me das polêmicas e assuntos do momento pela internet, revistas, TV e rádios. Opto por algo que me é muito aprazível: A literatura. 
Em meados do ano passado, pesquisando material para um trabalho na disciplina de História Contemporânea I sobre a Londres do século XIX, um colega de curso trouxe um exemplar de "Um Conto de Duas Cidades", do renomado escritor Charles Dickens. Até ali eu estava trabalhando sobre outra obra dele, "As Aventuras do Sr.Pickwick". Em virtude da demanda textual que o curso de História nos impõe, a leitura de "Um Conto..." foi de forma fragmentada, com pausas longas permeadas de períodos constantes de leitura.
Edição brasileira publicada em 2002, pela Nova Cultural
Originalmente esta obra foi publicada no ano de 1859 e historicamnte se situa nas cidades de Londres e Paris, inicialmente recuando a 1757, e terminando a história em 1794. Factualmente situa-se nos acontecimentos pré e durante a Revolução Francesa, numa descrição que buscou rememorar algum aspecto da realidade dos alaridos revolucionários da "liberdade. igualdade, freternidade ou morte", centrando-se nos pobres cidadãos que deram cabo a Revolução e que mostraram-se fortes nos momentos mais sangrentos daqueles dias da dácada de 1790. Ficcionalmente França e Inglaterra sem encontram em diversas histórias e pessoas: O funcionário do banco, o mensageiro, o advogado, o negociante de rua, o francês que renegou seu passado aristocrata (além de seu próprio sobrenome) e que aproximou-se de uma família francesa que vivia em Londres onde, pelos caprichos da trama de Dickens, teriam seus destinos aproximados e suas rotas de vida alteradas. 
Um doutor que ficou preso por quase vinte anos e trouxe consigo todas as facetas que o psicológico pode impôr a pessoas que ficam reclusas aproxima o destino do funcionário do banco inglês com filial em Paris que, por sua vez, tem a incumbência de alterar o destino de uma jovem francesa que desde nova vive em Londres. Em meio a isso, alguém que salva-se da forca em Londres por uma série de detalhes, entre elas, a incrível semelhança entre este e seu advogado. Curiosamente isso seria primordial ao final da trama, pois, o francês aristocrata pertencia a uma família que alterou o destino de muitas pessoas pobres, famintas e miseráveis daquela França que expropriava e explorava os pobres em detrimento dos luxos dos mais ricos e, na engenharia do romance, uma dessas vítimas tinha um sede de vingança que os brados revolucionários trariam o momento e argumentos precisos.
Independente do grau de protagonismos deste ou aquele personagem, todos possuem uma importância vital na história. Uma Inglaterra apreensiva pelos movimentos revolucionários de uma França que cortou na própria carne e fez jorrar sangue para que algo "mudasse".
As vidas das personagens podem ser confundidas, provavelmente, com as de milhares de pessoas naquele tempo, apear dos desfechos certamente não terem precedentes na história como tal. O real da história e historiografia funde-se com o fantástico da ficção. Em minha opinião "Um Conto de Duas Cidades" cumpriu com fina maestria o papel de ser uma obra histórico-ficcional. Nesta obra identificamos o fino humor inglês e o drama dos romances publicados no século XIX, Dickens sem dúvida consegue trazer o leitor para as ruas de Londres e Paris, bem como as prisões e execuções públicas ocorridas nessas cidades naqueles tempos. 
Representação de execução na guilhotina em Paris. s.a., s.d.
Os últimos capítulos deste livro são permeados pela sombra de um personagem sem fala, de um movimento único, porém definitivo: A guilhotina. Por ela, por pensar nela, por vê-la ou sentir sua ação e desligar-se deste mundo, as personagens de certo modo tem em sua alça de mira a visão da lâmina afiada, do "barbeiro da revolução". Esta personagem definiu os rumos dos homens e mulheres daquele tempo, bem como das personagens desta obra de Dickens.
Sem dúvida gostei da trama, do uso do fato histórico sem os ufanismos micheletianos ou do ceticismo marxista, a Revolução foi maior em seu tempo, mas as personagens mostraram-se maiores que a Revolução, apesar da Revolução cobrar a conta, como toda a Revolução.
Parto da ideia que história e literatura devem e precisam andar juntas, contribuindo para ambas em via de mão dupla, a fluência de uma leitura de romance somado a precisão da escrita historiográfica sem dúvida ajudarão a literatura e a historiografia. É uma opinião pessoal que gera muitos debates dentro da acadamia, principalmente na de História, contudo partilho da ideia que livros, revistas, teses, artigos, contos, crônicas, etc., devem preocupar-se com o elemento primordial e que dará publicidade ao que foi escrito: O leitor. Posso estar equivocado em meu pensamento, mas excelentes questionamentos e teses que nos levariam a imensos debates por vezes morrem nas prateleiras das universidades muito pelo estilo quadrado da escrita academicista imposta quase como cânone em muitos de nossos cursos. A História precisa aprender com a literatura, revolucionando a si mesma, o que necessariamente não quer dizer devamos deixar de lado o rigor da história em suas formas de analisar e problemtizar.
Esta obra de Charles Dickens que terminei de ler me ajudou a pensar para além das fronteiras de suas páginas, as duas cidades retratadas por Dickens posso em uma analogia ver também a relação e os conflitos entre as "cidades" da História e da Literatura. Tão próximas, tão distantes, tão úteis.

*Texto revisado em 30 de janeiro de 2012, às 10h54.




segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Barcelona e as lições para o futebol atual

Domingo, dia 18 de dezembro de 2011. Estádio de Yokohama, Japão.
Quem admira o futebol certamente acompanhou  mais uma página de um fenomenal clube de futebol que tem mostrado para o mundo futebolístico que eficiência e jogo bonito sim, podem convivem conjuntamente nos esquemas táticos de jogo atuais.
1º gol de Messi. Barcelona 4x0 Santos, 18/12/2011.
O time catalão do Barcelona tem demonstrado ao longo de sua longa história que isso não é só possível como marcante na história dos esportes coletivos. O jogo de futebol e sua essência visava, além da parte recreativa, o incentivo a criatividade. Em tempos em que o futebol extremamente burocrático, antiproducente, feio, que preza demais a marcação e ignorando o objeitvo principal do jogo, que é o gol, o time espanhol do Barcelona há décadas possui um estilo inconfundível de jogo que, independente do técnico que dirija o elenco, esse estilo permanece ao longo dos tempos. Isso ficou mais nítido ao longo dos anos 1970, quando o ainda jovem holandês Johan Cruyff passou pelos gramados da cidade catalã e virou sinônimo de futebol bem jogado, eficiente e bonito de se ver. Aquele futebol dos tempos de Cruyff obviamente mudou, as mentes de dirigentes mudaram, os elencos mudaram, mas o estilo de jogo do Barcelona, esse permanece praticamente inalterado, salvo diferenças de esquemas táticos. É incrível um clube ficar marcado não só pelo ícone de sua camisa, distintivo e jogadores que ali passaram, mas também pelo seu estilo de jogo, onde todos participam, são solidários, vão ao ataque e estão na defesa na mesma velocidade, guardam posição e ao mesmo tempo não guardam, lavam gols sim, mas fazem muito mais. O estilo Barcelona de jogar futebol é algo único.
Os tempos passam e o Barcelona mantendo seu estilo de jogar futebol. Não que o Barcelona tenha evoluído em seu modo de jogá-lo, mas as ecolhas de muitos técnicos e dirigentes em optar pelo jogo medroso e covarde, visando apenas resultados leva o Barcelona a ser o melhor time desse século XXI até o momento, pelo simples fato de constatar o óbvio: Jogar bonito e de forma eficiente traz resultados dentro e fora de campo.
Voltando ao dia 18 de dezembro de 2011. Aqueles que acompanharam ao vivo em Yokohama, ou pela televisão a final do Mundial de Clubes da Fifa entre Santos x Barcelona tiveram a nítida clarez do que nas linhas acima busquei expor. Enquanto um resolveu fechar o seu time para preservar-se taticamente, numa clara intenção de jogar nos contraataques, o outro simplesmente jogou futebol. Toques e mais toques (no máximo três por atleta), visando sempre o ataque, o time inteiro subindo e voltando de forma solidária e eficiente, jogo pelas laterais e pelo meio, sem chutões, marcação sem violência e uma disposição para o jogo sem humilhações desnecessárias, o Barcelona demonstrou o que é futebol bem jogado. 
O Santos, com um Neymar anulado pela ineficiência tática de seu time e um Ganso apático, viu um Barcelona ficar com 71% da posse de bola, com um Leonel Messi iluminado como sempre marcar 2 dos 4 gols do jogo. O Santos, que em tempos de Pelé era aclamado pelo mundo futebolístico viu o time do técnido Pep Guardiola jogar um futebol que há muito tempo não se vê no próprio Brasil. Guardiola na entrevista pós-jogo disse isso praticamente, quando mencionou que o jogo do time leva em conta o futebol que era praticado no Brasil e que a Europa tratou de assimilar. Hoje o Brasil joga aquele futebol burocrático e sem graça que se jogava muito na Europa até meados dos anos 1980. 
O melhor time do planeta comemora o título Mundial da Fifa 2011
O Santos tinha sim uma ingrata missão, vencer o Barcelona era de fato algo muito difícil, mas simplesmente o time brasileiro abriu mão do seu direito de jogar futebol, quem viu o jogo do início ao seu final notou isso claramente, e apenas foi espectador dos toques, da velocidade, do estilo único de jogo, de um Messi iluminado e de um elenco que beira a perfeição, até um Mascherano consegue jogar bem ali. Os sonoros 4x0 aplicados pelo Barcelona e os 13 títulos em 16 competições disputadas sob o comando do técnico Pep Guardiola simplesmente demonstram aos técnicos de mentalidade covarde de que ousadia dá resultado, a criatividade é saudável ao bom jogo e que jogo feio não é sinônimo de títulos. O Barcelona faz o seu jogo bonito, implacável e eficiente praticamente levantando taças de quase todas as competições que disputa.
Aprendam um pouco com Barcelona, jogo bonito o amante do futebol só tem a agradecer.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amilton Alexandre: O "mosquito" que se cala

Amilton Alexandre, o "Mosquito" ( *1959 +2011)
Fiquei perplexo com a notícia da morte do combativo, ferino e abnegado Amilton Alexandre (52 anos), popularmente conhecido por "Mosquito", na terça-feira (13/12) em Palhoça.
Particularmente nunca cheguei a trocar palavras com o Mosquito, mas posso tranquilamente dizer que o conhecia, por dois anos pegava a mesma linha de ônibus que ele costuma tomar para ir a sua residência em Palhoça, era a linha Florianópolis-Unisul, horário das 22h05. Ouvia sempre as opiniões dele sobre os mais variados assuntos que ele compartilhava com os cobradores e motoristas, assim como alguns passageiros que pegavam o ônibus com ele. Com seu inseparável notebook, ele passava a viagem falando sobre o cotidiano político, social e econômico de nosso estado, as relações de poder enfim. O que mais ficava admirado era com sua firmeza e incansável vontade de fazer valer o direito de expressar-se sem medo. Seu ácido blog "Tijoladas" foi a voz das ruas sobre determinados políticos, empresários, famílias que se apoderaram do poder, enfim, o Mosquito dava voz e forma àquilo que as pessoas tem a nítida certezea de que algumas coisas ocorrem mas que por vezes não tem como provar e principalmente coragem para externar publicamente. O Mosquito fazia isso sem o menor temor aparente.
O que mais Amilton Alexandre poderia temer? Ele participou ativamente, no ano de 1979, das movimentações idealizadas pelo DCE Luís Travassos, da UFSC que culminaram com o episódio singular na história catarinense: A Novembrada, onde a visita oficial do então Presidente João Batista Figueiredo foi recebido com vaias, manifestações, xingamentos de uma massa indgnada pelo arrocho salarial, a carestia e, claro, pela Ditatura Militar que, mesmo cambaleante, dava as cartas. O Mosquito foi um dos vários manifestante presos e enquadrados na então Lei de Segurança Nacional. Estudante universitário nos anos 1970 como foi o Mosquito jamais teria em seu vocabulário a palavra MEDO.
Sua escrita virulenta lhe proporcionou mais de 30 processos judiciais, uma série de censuras aos seu blog Tijoladas, várias ameaças de violência física e de morte, além lhe aumentar os problemas pessoais e de saúde. Mosquito não parava mesmo, era um mosquito que encomodava. E como encomodava.
Um dos momentos mais memoráveis em seu trabalho de blogueiro foi o levantamento e a divulgação em primeira mão do grave caso do estupro de uma adolescente que foi dopada por outros jovens e violentada por eles, isso tem uns dois anos. O detalhe é que um dos jovens é filho de um conhecido delegado de polícia da capital catarinense e outro jovem integrante da família Sirotsky, que comanda da RBS que detém um monopólio das comunicações no estado de Santa Catarina. O Mosquito apurou fatos, divulgou no blog e foi alvo de repercussão nacional através da Rede Record. Mesmo que pela conveniência da rede de televisão dos bispos sanguessugas do dinheiro daqueles que buscam a fé, a Record deu ao Mosquito uma amplitude de sua voz, o Brasil soube o que muito se joga para sob o tapete em torno das relações de poder. E Santa Catarina possui uma blindagem dessas figuras incrível e Mosquito a furava com sua incansável indignação e capacidade ímpar de denunciar com dados claros, provas indeléveis.
Mas sua saúde estava lhe dando sinais, além do mais, a inglória tarefe de sozinho segurar o peso e a responsabilidade de ser a voz dos indignados foi cobrando a conta. 
Capa do Blog de Amilton Alexandre, o "Mosquito"
Dias antes,de sua morte (09/12) Amilton Alexandre postou pela última vez em seu blog Tijoladas, o qual posto sua íntegra abaixo:

"Quem tem acessado o blog nas últimas semanas notou um vem e vai de informações, postagens deletadas e até comentários sobre a coragem do blogueiro nas suas manifestações.
O blog foi construído com o objetivo de denunciar corrupção, tratar de assuntos ligados a cidadania e versar sobre os mais diversos temas da blogosfera.
Durante todo esse tempo, minha atividade foi manter o blog com informações e denúncias.
O blogueiro, apesar de muitas vezes advertido, carregou nas tintas contra os políticos. Passou dos limites em alguns casos. Claro, colheu processos e condenações, aos quais recorre.
Mas contribuiu para tentar sanear a política catarinense. Não foram poucos os assuntos tratados aqui  transformados em inquéritos no Ministério Público e ações civis públicas.
Quem achou que havia financiamento de grupos interessados em obter vantagens com o que era publicado aqui, se enganou.
Tanta dedicação ao blog levou-me a um isolamento familiar, com oposição a minha atividade, problemas de saúde e outras dificuldades. Nas últimas semanas acusei o nocaute. Não tenho mais como enfrentar as ameaças e retaliações pelo que publico. É sensato dar um tempo.
Como diz um amigo meu: O que vc ganhou com o blog?
O ganho não foi pessoal, mas coletivo. Talvez um dia eu tenha a resposta para a minha parte.
Agora vou tentar me reestruturar numa atividade menos tensa. Preciso dar mais atenção a quem precisa: eu mesmo.
Passando pelo Cangablog vejo que o arsenal de maldades dos políticos não para. Vou deixar o Canga linkado aqui permanentemente. Devo dar alguns pitacos lá.
Aos meus leitores desejo bom Natal e um Ano Novo com saúde e paz."

(Blog Tijoladas, de Amilton Alexandre. Disponível em cache pelo link: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:zjjmju1PpKUJ:www.tijoladas.info/+Tijoladas&hl=pt-BR&client=firefox-a&gl=br&strip=1. Acessado em 15/12/2011)

E no dia 13 de dezembro sua voz calou-se. Foi encontrado eforcado em sua residência, algo que para os mais íntimos conhecidos não condiz com a personalidade forte de Amilton. Seu falecimento repercutiu entre os blogueiros profissionais, entre aqueles que o conheciam, entre significativa parcela da população que tinha Amilton Alexandre como seu porta-voz. Na rede social Twitter seu nome foi um dos mais citados no Brasil pelos usuários. Os blogues dos jornalistas Moacir Pereira e Luís Nassif divulgaram o fato, outros diversos blogues multiplicaram a notícia de sua morte. O jornalismo denúncia, combativo e perspicaz perde uma importante voz. Sua morte sem dúvida vai além de um suicídio, as amaeaças foram muitas aos longo de sua vida e precisa ser investigada até o fim.
Deste que só o viu e ouviu durante vários de meus regressos da faculdade para casa na linha Florianópolis-Unisul das 22h05 é a minha contribuição par que sua memória não se apague, que a indignação dele seja incentivo para que muitos não se calem. Amilton Alexandre, combativo líder estudantil do DCE da UFSC em 1979, blogueiro de escrita feroz e voz dos que estão em silêncio e, acima de tudo, um cidadão, rendo meu aplauso e estas linhas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vestibular, Universidade, sonhos...

Cartaz Vestibular UFSC 2012. Agecom.
Vendo toda a movimentação em torno do Vestibular 2012 da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, as reportagens, a ansiedade de condidatos que a televisão nos apresenta, bem como aqui em casa, onde minha irmã esté entre o universo de mais de 30 mil candidatos, me faz recordar os mesmos momentos que passei em 2008, 2007, 2001 e 2000.
Quando menos esperava a tão sonhada vaga em uma Universidade pública surgiu em 2008. Por mais concentrados que estejamos para o momento de encarar as tais questões da prova, é inevitável a ansiedade, o nervosismo, o desejo de que tudo dê certo, mesmo que pareça ter dado tudo errado....o vestibular é assim mesmo.Não é a forma mais deocrática e tampouco a melhor para viabilizar o ingresso a uma universidade, contudo, é esse um dos caminhos mais utilizados, bem como o ENEM, para buscar o ingresso na Universidade.
Me chamou a atenção neste vestibular da UFSC duas coisas: O número de candidatos inscritos, que em 2010 eram 33.667 concorrentes e este ano reduziu a 30.389; E a abstenção, que já atinge números superiores ao ano passado, ou seja, com uma abstenção maior, diminui consideravelmente o "funil" entre os concorrentes e, certemante, notas de corte mais baixas em relação a vestibularesda UFSC anteriores.
Algumas dezenas de questões que não condizem com a realidade aplicada dentro dos cursos da UFSC definem quem entra ou sai da lista de aprovados, infelizmentes não são os mais aplicados que são aprovados, mas sim aqueles que não tiveram problemas de qualquer ordem nos dias anteriores às provas, ou seja, não é a competência que seleciona o aprovado e o reprovado. A perspicácia do candidato ajuda também, já que em uma prova de somatória, onde opções erradas anulam a questão inteira, pode ser um bom artifício ser cauteloso e não marcar aquilo que deixe dúvidas e ir focando no fato de somar pontos nas questões. O vestibular da UFSC usa uma lógica draconiana em que o que é levado em conta não é a capacidade do aluno em optar pelas opções corretas, mas enaltecer todas as questões erradas. A prova do vestibular como é forjada pela Coperve não é producente para adicionar conhecimento maior a quem se candidata, pois como uma bula de remédio, temos uma fórmula única, que distorce e de longe representa aquilo que é aplicado nos cursos.
A UFSC é uma das melhores universidades do país, possui bons cursos e muitos deles possuem uma estrutura docente que qualifica ainda mais, por outro lado, há problemas estruturais em outros cursos, como ausência de professores, de espaço físico e de materiais para o desenvolvimento das disciplinas aplicadas pelos cursos. Além do mais, a partir de maio de 2012 a UFSC passará por uma virada administrativa, já que é a primeira vez que uma candidatura de oposição venceu as eleições para Reitor (que corresponde a um Prefeito) e que gerenciará um Orçamento de mais de 1,1 bilhão de reais (o mesmo orçamento da cidade de Blumenau, por exemplo) e todos os desacertos de gestões desde sua fundação, em 1960.
Candidatos em Florianópolis
Em meio a isso tudo, os sonhos das dezenas de milhares que prestam anualmente o concurso vestibular da UFSC, sejam quaisquer pensamentos que sejam, mas seja pelo ambiente universitário, sejam por novas experiências pessoais, seja simplesmente para estudar e vislumbrar uma carreira profissional qualificada e reconhecida pela chancela "UFSC". E o povo sonha, e estão certos em fazê-lo, precisam fiar-se nisso, mesmo com o nervosismo normal nos dias das provas, buscar manter a serenidade é um dos caminhos para que o sonho vá além dos 3 dias de provas e alonguem-se por 4 ou 5 anos de curso, quiçá mais 2 anos de um mestrado e outros anos de um doutorado.
Que venha 2012 com mais 5 mil sonhadores buscando a realização de algo maior. A realidade os espera.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Projeto Memorial do Ministério Público de Santa Catarina

No campo da história temos várias perspectivas para abordá-la, escrevê-la, difundi-la, e uma delas é o campo da história institucional, que vem num crescente nos últimos anos no Brasil.
Especificamente quero dedicar algumas linhas ao projeto que faço parte como estagiário junto com outros colegas, e sob a coordenação do historiador Gunter Axt, que pretende tornar  acessível a história de ex-promotores e procuradores que ajudaram a constituir o Ministério Público de Santa Catarina.
Sim, torna-se interessante que seja contada a história daquelas pessoas que não tinham o contato direto com as leis e processos, mas que foram peças importantes para que esta instituição tenha se tornado um exemplo de defesa dos interesses coletivos e difusos. Contudo, o início do projeto já foi dado e os frutos vem sendo colhidos pouco a pouco, o que  poderá trazer aqueles que hoje fazem parte do Ministério Público catarinense a consciência do difícil caminho trilhado desde sua implantação, em 1891, ainda atrelada a estrutura do Tribunal de Justiça, até os dias atuais, com status de 4º poder, com autonomia sob suas ações.
O Projeto Memorial do Ministério Público no Estado vem dessa demanda de colher os vestígios e juntá-los de modo a tornar memória aquilo que está disperso e até esquecido pela instituição. A pesquisa feita nos arquivos da região de Florianópolis e a coleta de depoimentos orais de ex-procuradores vem pouco a pouco mostrando uma história permeada de dificuldades, desafios, particularidades, detalhes que passam direto pelos olhos daqueles que fazem hoje parte da instituição, mas que são fundamentais para entender de forma mais concisa e ampla como o Ministério Público chegou ao que é hoje.
O Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) é o órgão interno responsável pela condução do Projeto e conta com um corpo de estagiários do curso de História da UFSC e UDESC, que iniciou com a coleta de depoimentos no final primeiro semestre de 2010 e, no segundo semestre do mesmo ano, com a análise documental disponíveis nos arquivos do Estado, do Tribunal de Justiça e, principalmente, do Ministério Público do Estado. 
Um dos frutos desse trabalho foi o lançamento no começo do segundo semestre de 2011 do livro "Histórias de Vida", que conta com os relatos de 9 ex-procuradores-gerais e 1 depoimento do funcionário mais antigo da instituição na ativa. Além do mais, diversas fontes vem sendo analisadas e registrados dados sobre todos aqueles que atuaram como promotores, procuradores e demais cargos da carreira do Ministério Público, e que vão para um sistema de banco de dados que em breve estará disponível para consulta via internet.
Dentro em breve será instalado o espaço físico do Memorial, onde contará com imagens, objetos e demais materiais que buscarão expor ao público interessado essa história que pouco a pouco vem sendo sistematizada e em breve apresentada a todos.
Em 22 e 23 de julho deste ano ocorreu em Florianópolis o I Seminário Nacional Ministério Público, Memória e Cidadania, onde representantes da instituição de outros estados apresentaram ações legais no tocante a preservação do patrimônio material, bem como a preservação da memória e a promoção da cidadania. O saldo do compartilhamento de experiências entre os ministérios públicos estaduais presentes rendeu o documento "Carta de Florianópolis" que, dentre outros pontos defendem e reafirmam:

1- Estimular a divulgação e conscientização da função e da relevância dos Memoriais no âmbito interno dos Ministérios Públicos;
2- Estimular a criação do cargo do historiador no quadro funcional dos Ministérios Públicos, possibilitando o seu aproveitamento no planejamento e gestão dos Memoriais;
3- Divulgar extremamente o Memorial, possibilitando o conhecimento da instituição pela sociedade inclusive permitindo a percepção social das diferentes formas de atuação do Ministério Público;
4- Contribuir na sistematização da história, refletindo criticamente sobre a identidade institucional do Ministério Público Brasileiro.

Sendo assim, fica evidente que os Ministérios Públicos, paulatinamente vem demonstrando interesse e, mais que isso, promovendo efetivamente ações que visem tornar pública a sua história, visando também, em aspetos acadêmicos aguçar o interesse de graduandos e mestrandos da área de história em pesquisar esses arquivos, levantar outras problemáticas disponíveis nos livros e fichas, ampliar além dos muros institucionais, a presença do Ministério Público - no caso aqui, o catarinense - nos acontecimentos históricos gerais, nas relações não só jurídicas, mas políticas e sociais. O material é vasto, a instituição demonstra interesse em ter sua história contada, fazer parte da história como um todo.
Para quem tem interesse em obter maiores informações acessem o site do Memorial para que o leitor possa ter uma ideia da perspectiva de resgate institucional que o Ministério Público pretende e tem realizado.
Um pouco mais sobre o Projeto Memorial do Ministério Público pode ser visto nos três vídeos abaixo, onde o jornalista Ângelo Ribeiro abre espaço para a divulgação da iniciativa no programa Alcance, transmitido pela TV UFSC ao longo do mês de setembro:

terça-feira, 19 de julho de 2011

19 de Julho: Dia Nacional do Futebol. Temos o quê comemorar?

 
"Brasil está vazio na tarde de domingo né? Olha o sambão aqui é o país do futebol". Essa excelente canção interpretada pelo saudoso Wilson Simonal nos anos 1970 demonstra muito a intensidade da paixão do brasileiro pelo futebol. Essa paixão ainda permanece nos dias de hoje.
Contudo, é claro e nítido que essa paixão mesmo está nas peladas de finais de semana nos campos, quadras, reunir amigos, incentivar as crianças na prática esportiva, bem como colher e manter excelentes amizades, e claro, alguns tapas, afinal, campo, rememora a campos de batalha e, como em todo o campo de batalha, há distensões. O fato é que o futebol no Brasil popularizou-se de forma meteórica tem sido, por muitas oportunidades, o escape para os problemas diários. No futebol as pessoas extravazam, seja, jogando, ou vendo pela TV, ou ouvindo no radinho à pilhas, noventa minutos em que a mente relaxa das preocupações diárias, mesmo não praticando o esporte, só o fato de acompanhar ativa veias, artérias, neurônios e hormônios, o corpo se move, mesmo parado.
O Dia 19 de julho ficou cnvencionado como DIA NACIONAL DO FUTEBOL em virtude da fundação do clube de futebol mais antigo em atividade, o Sport Club Rio Grande, da cidade de Rio Grande, estado gaúcho, no ano de 1900. Esse clube nasceu para o futebol, já que clubes com fundações anteriores, como o Flamengo e Vitória, nasceram para prática de outros esportes, no caso desses citados, o remo e o cricket, respectivamente. Já o Rio Grande nasceu em virtude do futebol e, em sua história possui um título do Campeonato Gaúcho e atualmente disputa divisões inferiores daquele estado. Por curiosidade, a Associação Atlética Ponte Preta, nasceu um mês depois, em 19 de agosto.
A Seleção Brasileira de Futebol jogou sua primeira partida no ano de 1914, onde o Brasil, jogando de branco, venceu por 2x0 o clube inglês Exceter City. Desde então a nossa Seleção possui uma das mais respeitadas histórias vitoriosas do futebol mundial.
Dia Nacional do Futebol. Pena que não temos muito a comemorar em termos de futebol profissional. Clubes endividados e mal administrados, atletas que mal chegam nos clubes na adolescência e são cooptados por empresários que praticamente comandam esses clubes. E temos a Copa do Mundo em 2014. Estádios que o custo alcança as raias do absurdo e da brincadeira com a inteligência dos torcedores, isso sem contar no ad eternum presidente da CBF, sr. Ricardo Teixeira, que vem sendo alvo de denúncias de corrupção e tráfico de influência nos assuntos que envolvem o futebol e que em recente entrevista a Revista Piauí, de forma categórica, afirmou que ele pode fazer o que quiser, nada ocorrerá com ele e a Copa do Mundo sairá do modo que ele quiser. Pois é, o futebol tornou-se uma paixão prostituída por cafetões travestidos de dirigentes e presidentes de clubes e de federações. 
Os jogadores, esses também são prostituídos conscientemente pelos empresários e empresas de marketing esportivo, viraram intermediários de negóciatas nem sempre transparentes. Isso sem contar nos tais contratos de transmissão de TV, que simplesmente ignoram o torcedor, justo ele, que deveria ser a pessoa mais respeitada e bem tratada, os horários dos jogos mais respeitam o horário da novela ou do Faustão que a tradição do futebol em si e da viabilidade do torcedor em ir ao estádio.
Temos o Estatuto do Torcedor. E quem a respeita mesmo?? A CBF não respeita, os clubes a ignoram. A TV?? Essa mesmo é a mais hipócrita, pois produz diversas matérias sobre o assunto, mas ela mesmo desrespeita o torcedor, com seus jogos às 22h.
E eu sou apaixonado pelo futebol, cresci vendo e ouvindo os jogos com meu pai, torço para um clube, vibrei, torci, sorri e chorei por conta desse esporte, pratico o jogo com os colegas nos finais de semana, as partidas nos campos e quadras ainda me alegram muito, ainda e alimenta essa paixão, mas o "grande futebol", o profissional, do qual temos o DIA NACIONAL DO FUTEBOL, esse temos de lamentar... "Brasil está vazio na tarde de domingo né.."...Tenho esperança.

domingo, 17 de julho de 2011

Seleção Brasileira. Brasileira? Seleção? Seleção de quem e para quem?

Brasil eliminado pelo Paraguai da Copa América 2011.

É evidente que, quando ocorre eliminações das Seleções Brasileiras em esportes em que nos destacamos, as críticas negativas surgem ao normal. Contudo, não é de hoje que a Seleção Brasileira Masculina Principal de Futebol tem dado mostras de incompetência e mediocridade técnica.
É não é de agora. A Seleção que conquistou o penta, na Copa do Mundo de 2002 passou pelas mãos de Émerson Leão e Wanderley Luxemburgo antes de ser pega em cacos pelo Luís Felipe Scolari que, usando um jargão, tirou leite de pedra  e aproveitou a incompetência das outras seleções e levantou a taça mundial, com um Ronaldo em estado de redenção. Contudo, aquela seleção era 80% questionada, era desacreditada, face a mediocridade técnica de vários deles.
A Copa de 2006 tínhamos um elenco bom, mas que, por conta de interesses outros que não o futebol, fomos eliminados pela França. Aquela seleção tinha uma constelação de jogadores que pensavam mais em seus contratos de publicidade, no pagode dentro do aviao e ônibus e na concentração, que propriamente no futebol, fato que a torcida mais se interessa.
E o que falar da Seleção da Copa de 2010.. Inventaram um técnico, afinal, o Dunga até ali nem sequer tinha tido experiênias em clubes fora das 4 linhas, e, tal como a invenção, os resultados foram desastrosos na Copa do Mundo. Uma comissão técnica extremamente egocêntrica e antipática, reflexo da empáfia dos dirigentes que comandam a CBF, simplesmente transformou o selecionado nacional em um arremedo daquilo que sempre foi característico em nosso futebol: A alegria, a criatividade, o toque de bola eficiente com jogadas empolgantes, a habilidade enfim...
Tivemos uma seleção burocrática, apática em que o símbolo em campo foi o truculento Felipe Melo e o resultado foi a eliminação bisonha diante da Holanda.
Vamos seleções com um futebol em franca evolução, como a Espanha e Uruguai, em que temos, além de um futebol razoável e eficiente, vemos vontade desses atletas, o que no Brasil, deixamos de ver faz tampo, até nos títulos vemos uma certa displicência, jogadores que parecem não ter o menos interesse no título que ganham pela Seleção Brasileira, alguém aí lembra de grandes festas quando conquistamos os títulos da Copa América de 1997 para cá??
A Seleção Brasileira atual é um amontoado de jogadores que simplesmente não rendem em campo, até aqueles em que a torcida tanto queria em campo e não funcionam,o Paulo Henrique Ganso é o símbolo disso. O técnico Mano Menezes, com tão bons resultados como técnico de Grêmio e Corínthians, tem demonstrado não ter personalidade em treinar a Seleção Brasileira, ou seria uma conivente aceitação de influências exteriores (CBF) no trabalho dele? 
O fato é que a Seleção (teoricamente significa escolha dos melhores) não tem levado os melhores em campo, mas os melhores no marketing, os melhores nos contratos milionários, os melhores para outros interesses. Brasileira? O que vemos é jogadores cada vez menos comprometidos com o ato de representar o seu pais de berço em competições, é muita Europa na cabeça e pouco afinco em focalizar no Brasil, nos brasileiros que querem ver seu país em competições. Seleção de quem?? Bom, é cada vez mais claro que a seleção não é dos brasileiros, não é Brasileira. Seleção para quem?? Patrocinadores, uma rede de comunicação (GLOBO), cartolas que nada entendem e futebol, mas entendem de enriquecer a qualquer custo.
A Seleção Brasileira de futebol vive hoje do espectro de outros momentos gloriosos, do vulto de seleções, como as de 1958,1962, 1970, 1982, estamos em uma crise de competência, ética, de criatividade...estamos vivendo de vultos, de algo que não volta mais, mas que deveriam servir de bom exemplo, o exemplo sobre ter caráter, sobre jogar alegre, sobre encantar um mundo, sobre alegrar uma nação.
Sim, uma vitória da Seleção Brasileira não resolve os nossos problemas sociais, políticos, éticos e estruturais, mas, certamente, bons resultados no esporte são incentivos em nosso dia a dia, o esporte pode ser uma ferramenta positiva e exemplar para outras áreas de nossa vida. Contudo, pelo que vejo, todas as nossas mazelas estão cada vez mais escancaradas dentro de nossa "paixão nacional".
E a Copa do Mundo será aqui no Brasil em 2014. Lembrando uma velha canção futebolística dos anos 1970, "..é camisa 10 da Seleção, laiá, laiá, laiá. Peguem a camisa dele, quem é que vai no lugar dele..".