terça-feira, 3 de maio de 2011

3 de Maio: Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Liberdade para quem?

A UNESCO, convencionou a data de 03 de maio como sendo o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, por ter sido nessa data, no ano de 1991, na Namíbia, país africano, ter ocorrido o Seminário de Promoção de uma Imprensa Africana Independente. Nesse seminário, foi assinada a Declaração de Windhoek.
A Decisão 48/432, de 21 de dezembro de 1991, da Assembleia Geral das Nações Unidas referendou a decisão e, desde então, o dia 03 de maio é uma data para a reflexão sobre a questão da Liberdade de Imprensa no planeta.
Muitos países possuem, de fato uma imprensa com plena liberdade para seu exercício, linhas editoriais, jornalistas com certa independência e Governos que prezam por isso. Contudo temos países e que essa relação é conturbada, seja por ingerência de Governos, seja pela imprensa estar nas mãos de poucos. Percebo no Brasil o segundo caso está mais evidente.
E isso não é de hoje: Assis Chateaubriand, com seus Diários Associados dominou o cenário da imprensa nacional por algumas décadas e, pelo poder que tiha, ajudou a introduzir a televisão no Brasil. Outras familias foram crescendo nesse cenário da imprensa ao longo da história nacional: Frias, Civita, Marinho...Enfim, as elites enxergaram na palavra escrita, falada e vista/ouvida um filão não só para a propagação da informação (objetivo primordial da imprensa, na teoria), mas como instrumento de influência e barganha.
Essa relação imprensa/elite/poder/manipulação se intensificou a partir da segunda metade dos anos 1960, com a queda do Governo instituído, sob o comando de João Goulart e golpe dado pelos altos setores militares e com forte apoio dos setores conservadores das elites nacionais. O leitor que tiver maior interesse é só dar uma vasculhada pela internet e ver as manchetes dos grandes jornais brasileiros entre os dias 31/03 e 02/04/1964, a "tal imprensa livre", foi livre para achar normal um Governo institucionalizado ser golpeado e militares alçarem ao poder...Relações de poder, barganha, favores..
Nos anos 1970, sob a égide da Ditadura Militar foi forjada um novo marco na imprensa, mais precisamente, junto a radiodifusão e teledifusão, que foi o Código Brasileiro das Telecomunicações. Como a relação entre imprensa escrita e imprensa falada é uma relação intrínseca, a CBT de 1970 interferiu substancialmente nas relações burocráticas de criações de novos canais de comunicação. Curiosamente, o que era o Éden de algumas famílias, passou a ser seara de atuação de políticos das mais variadas correntes ideológicas, ou não, que, apesar da lei não permitir, os políticos, através de brechas infindáveis nas legislações pertinentes, usa e abusa dos meios de expor a informação do modo e das formas que melhor convém.
Isso é liberdade de imprensa??
É engraçado vermos esses parasitas bradarem por liberdade de imprensa, liberdade de expressão, respeito a jornalistas e por aí vai..O mais engraçado é que essas mesmas famílias e grupos políticos que bradam pela liberdade de expressão e de imprensa, são os primeiros a lançar editoriais contra as rádios comunitárias, jornais de bairro, e blogues na internet.
A internet é a "menina dos olhos" da resistência e luta por uma, de fato, liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa só será exercida quando todos que tem interesse em expor notícias, investigar questões e divulgá-las ao povo tiverem o real direito de fazê-lo. Hoje temos é a liberdade de imprensa de meia dúzi de famílias e de alguns parasitas da política nacional de várias siglas que se valem dessa retórica.
Que os nossos cursos de jornalismo não sejam quintais das grandes corporações da informação, que nossos estudantes saiam com a mente comprometida com a informação plena e não com a informação que uma família Civita ou Sirotstky deseja passar. A Liberdade de Imprensa só será exercida aprofundando o debate, indo em oposição ao "status quo" de nossa atual imprensa e meos de comunicação, já temos manipulação demais, queremos é informação.
Que os ideiais e a essência daquele 03 de maio de 1991 na Namíbia possa ser levado em conta, que seja respeitado de fato, que a Liberdade de Imprensa não seja apenas um discurso retórico, mas uma prática diária.