segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Barcelona e as lições para o futebol atual

Domingo, dia 18 de dezembro de 2011. Estádio de Yokohama, Japão.
Quem admira o futebol certamente acompanhou  mais uma página de um fenomenal clube de futebol que tem mostrado para o mundo futebolístico que eficiência e jogo bonito sim, podem convivem conjuntamente nos esquemas táticos de jogo atuais.
1º gol de Messi. Barcelona 4x0 Santos, 18/12/2011.
O time catalão do Barcelona tem demonstrado ao longo de sua longa história que isso não é só possível como marcante na história dos esportes coletivos. O jogo de futebol e sua essência visava, além da parte recreativa, o incentivo a criatividade. Em tempos em que o futebol extremamente burocrático, antiproducente, feio, que preza demais a marcação e ignorando o objeitvo principal do jogo, que é o gol, o time espanhol do Barcelona há décadas possui um estilo inconfundível de jogo que, independente do técnico que dirija o elenco, esse estilo permanece ao longo dos tempos. Isso ficou mais nítido ao longo dos anos 1970, quando o ainda jovem holandês Johan Cruyff passou pelos gramados da cidade catalã e virou sinônimo de futebol bem jogado, eficiente e bonito de se ver. Aquele futebol dos tempos de Cruyff obviamente mudou, as mentes de dirigentes mudaram, os elencos mudaram, mas o estilo de jogo do Barcelona, esse permanece praticamente inalterado, salvo diferenças de esquemas táticos. É incrível um clube ficar marcado não só pelo ícone de sua camisa, distintivo e jogadores que ali passaram, mas também pelo seu estilo de jogo, onde todos participam, são solidários, vão ao ataque e estão na defesa na mesma velocidade, guardam posição e ao mesmo tempo não guardam, lavam gols sim, mas fazem muito mais. O estilo Barcelona de jogar futebol é algo único.
Os tempos passam e o Barcelona mantendo seu estilo de jogar futebol. Não que o Barcelona tenha evoluído em seu modo de jogá-lo, mas as ecolhas de muitos técnicos e dirigentes em optar pelo jogo medroso e covarde, visando apenas resultados leva o Barcelona a ser o melhor time desse século XXI até o momento, pelo simples fato de constatar o óbvio: Jogar bonito e de forma eficiente traz resultados dentro e fora de campo.
Voltando ao dia 18 de dezembro de 2011. Aqueles que acompanharam ao vivo em Yokohama, ou pela televisão a final do Mundial de Clubes da Fifa entre Santos x Barcelona tiveram a nítida clarez do que nas linhas acima busquei expor. Enquanto um resolveu fechar o seu time para preservar-se taticamente, numa clara intenção de jogar nos contraataques, o outro simplesmente jogou futebol. Toques e mais toques (no máximo três por atleta), visando sempre o ataque, o time inteiro subindo e voltando de forma solidária e eficiente, jogo pelas laterais e pelo meio, sem chutões, marcação sem violência e uma disposição para o jogo sem humilhações desnecessárias, o Barcelona demonstrou o que é futebol bem jogado. 
O Santos, com um Neymar anulado pela ineficiência tática de seu time e um Ganso apático, viu um Barcelona ficar com 71% da posse de bola, com um Leonel Messi iluminado como sempre marcar 2 dos 4 gols do jogo. O Santos, que em tempos de Pelé era aclamado pelo mundo futebolístico viu o time do técnido Pep Guardiola jogar um futebol que há muito tempo não se vê no próprio Brasil. Guardiola na entrevista pós-jogo disse isso praticamente, quando mencionou que o jogo do time leva em conta o futebol que era praticado no Brasil e que a Europa tratou de assimilar. Hoje o Brasil joga aquele futebol burocrático e sem graça que se jogava muito na Europa até meados dos anos 1980. 
O melhor time do planeta comemora o título Mundial da Fifa 2011
O Santos tinha sim uma ingrata missão, vencer o Barcelona era de fato algo muito difícil, mas simplesmente o time brasileiro abriu mão do seu direito de jogar futebol, quem viu o jogo do início ao seu final notou isso claramente, e apenas foi espectador dos toques, da velocidade, do estilo único de jogo, de um Messi iluminado e de um elenco que beira a perfeição, até um Mascherano consegue jogar bem ali. Os sonoros 4x0 aplicados pelo Barcelona e os 13 títulos em 16 competições disputadas sob o comando do técnico Pep Guardiola simplesmente demonstram aos técnicos de mentalidade covarde de que ousadia dá resultado, a criatividade é saudável ao bom jogo e que jogo feio não é sinônimo de títulos. O Barcelona faz o seu jogo bonito, implacável e eficiente praticamente levantando taças de quase todas as competições que disputa.
Aprendam um pouco com Barcelona, jogo bonito o amante do futebol só tem a agradecer.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amilton Alexandre: O "mosquito" que se cala

Amilton Alexandre, o "Mosquito" ( *1959 +2011)
Fiquei perplexo com a notícia da morte do combativo, ferino e abnegado Amilton Alexandre (52 anos), popularmente conhecido por "Mosquito", na terça-feira (13/12) em Palhoça.
Particularmente nunca cheguei a trocar palavras com o Mosquito, mas posso tranquilamente dizer que o conhecia, por dois anos pegava a mesma linha de ônibus que ele costuma tomar para ir a sua residência em Palhoça, era a linha Florianópolis-Unisul, horário das 22h05. Ouvia sempre as opiniões dele sobre os mais variados assuntos que ele compartilhava com os cobradores e motoristas, assim como alguns passageiros que pegavam o ônibus com ele. Com seu inseparável notebook, ele passava a viagem falando sobre o cotidiano político, social e econômico de nosso estado, as relações de poder enfim. O que mais ficava admirado era com sua firmeza e incansável vontade de fazer valer o direito de expressar-se sem medo. Seu ácido blog "Tijoladas" foi a voz das ruas sobre determinados políticos, empresários, famílias que se apoderaram do poder, enfim, o Mosquito dava voz e forma àquilo que as pessoas tem a nítida certezea de que algumas coisas ocorrem mas que por vezes não tem como provar e principalmente coragem para externar publicamente. O Mosquito fazia isso sem o menor temor aparente.
O que mais Amilton Alexandre poderia temer? Ele participou ativamente, no ano de 1979, das movimentações idealizadas pelo DCE Luís Travassos, da UFSC que culminaram com o episódio singular na história catarinense: A Novembrada, onde a visita oficial do então Presidente João Batista Figueiredo foi recebido com vaias, manifestações, xingamentos de uma massa indgnada pelo arrocho salarial, a carestia e, claro, pela Ditatura Militar que, mesmo cambaleante, dava as cartas. O Mosquito foi um dos vários manifestante presos e enquadrados na então Lei de Segurança Nacional. Estudante universitário nos anos 1970 como foi o Mosquito jamais teria em seu vocabulário a palavra MEDO.
Sua escrita virulenta lhe proporcionou mais de 30 processos judiciais, uma série de censuras aos seu blog Tijoladas, várias ameaças de violência física e de morte, além lhe aumentar os problemas pessoais e de saúde. Mosquito não parava mesmo, era um mosquito que encomodava. E como encomodava.
Um dos momentos mais memoráveis em seu trabalho de blogueiro foi o levantamento e a divulgação em primeira mão do grave caso do estupro de uma adolescente que foi dopada por outros jovens e violentada por eles, isso tem uns dois anos. O detalhe é que um dos jovens é filho de um conhecido delegado de polícia da capital catarinense e outro jovem integrante da família Sirotsky, que comanda da RBS que detém um monopólio das comunicações no estado de Santa Catarina. O Mosquito apurou fatos, divulgou no blog e foi alvo de repercussão nacional através da Rede Record. Mesmo que pela conveniência da rede de televisão dos bispos sanguessugas do dinheiro daqueles que buscam a fé, a Record deu ao Mosquito uma amplitude de sua voz, o Brasil soube o que muito se joga para sob o tapete em torno das relações de poder. E Santa Catarina possui uma blindagem dessas figuras incrível e Mosquito a furava com sua incansável indignação e capacidade ímpar de denunciar com dados claros, provas indeléveis.
Mas sua saúde estava lhe dando sinais, além do mais, a inglória tarefe de sozinho segurar o peso e a responsabilidade de ser a voz dos indignados foi cobrando a conta. 
Capa do Blog de Amilton Alexandre, o "Mosquito"
Dias antes,de sua morte (09/12) Amilton Alexandre postou pela última vez em seu blog Tijoladas, o qual posto sua íntegra abaixo:

"Quem tem acessado o blog nas últimas semanas notou um vem e vai de informações, postagens deletadas e até comentários sobre a coragem do blogueiro nas suas manifestações.
O blog foi construído com o objetivo de denunciar corrupção, tratar de assuntos ligados a cidadania e versar sobre os mais diversos temas da blogosfera.
Durante todo esse tempo, minha atividade foi manter o blog com informações e denúncias.
O blogueiro, apesar de muitas vezes advertido, carregou nas tintas contra os políticos. Passou dos limites em alguns casos. Claro, colheu processos e condenações, aos quais recorre.
Mas contribuiu para tentar sanear a política catarinense. Não foram poucos os assuntos tratados aqui  transformados em inquéritos no Ministério Público e ações civis públicas.
Quem achou que havia financiamento de grupos interessados em obter vantagens com o que era publicado aqui, se enganou.
Tanta dedicação ao blog levou-me a um isolamento familiar, com oposição a minha atividade, problemas de saúde e outras dificuldades. Nas últimas semanas acusei o nocaute. Não tenho mais como enfrentar as ameaças e retaliações pelo que publico. É sensato dar um tempo.
Como diz um amigo meu: O que vc ganhou com o blog?
O ganho não foi pessoal, mas coletivo. Talvez um dia eu tenha a resposta para a minha parte.
Agora vou tentar me reestruturar numa atividade menos tensa. Preciso dar mais atenção a quem precisa: eu mesmo.
Passando pelo Cangablog vejo que o arsenal de maldades dos políticos não para. Vou deixar o Canga linkado aqui permanentemente. Devo dar alguns pitacos lá.
Aos meus leitores desejo bom Natal e um Ano Novo com saúde e paz."

(Blog Tijoladas, de Amilton Alexandre. Disponível em cache pelo link: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:zjjmju1PpKUJ:www.tijoladas.info/+Tijoladas&hl=pt-BR&client=firefox-a&gl=br&strip=1. Acessado em 15/12/2011)

E no dia 13 de dezembro sua voz calou-se. Foi encontrado eforcado em sua residência, algo que para os mais íntimos conhecidos não condiz com a personalidade forte de Amilton. Seu falecimento repercutiu entre os blogueiros profissionais, entre aqueles que o conheciam, entre significativa parcela da população que tinha Amilton Alexandre como seu porta-voz. Na rede social Twitter seu nome foi um dos mais citados no Brasil pelos usuários. Os blogues dos jornalistas Moacir Pereira e Luís Nassif divulgaram o fato, outros diversos blogues multiplicaram a notícia de sua morte. O jornalismo denúncia, combativo e perspicaz perde uma importante voz. Sua morte sem dúvida vai além de um suicídio, as amaeaças foram muitas aos longo de sua vida e precisa ser investigada até o fim.
Deste que só o viu e ouviu durante vários de meus regressos da faculdade para casa na linha Florianópolis-Unisul das 22h05 é a minha contribuição par que sua memória não se apague, que a indignação dele seja incentivo para que muitos não se calem. Amilton Alexandre, combativo líder estudantil do DCE da UFSC em 1979, blogueiro de escrita feroz e voz dos que estão em silêncio e, acima de tudo, um cidadão, rendo meu aplauso e estas linhas.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vestibular, Universidade, sonhos...

Cartaz Vestibular UFSC 2012. Agecom.
Vendo toda a movimentação em torno do Vestibular 2012 da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC, as reportagens, a ansiedade de condidatos que a televisão nos apresenta, bem como aqui em casa, onde minha irmã esté entre o universo de mais de 30 mil candidatos, me faz recordar os mesmos momentos que passei em 2008, 2007, 2001 e 2000.
Quando menos esperava a tão sonhada vaga em uma Universidade pública surgiu em 2008. Por mais concentrados que estejamos para o momento de encarar as tais questões da prova, é inevitável a ansiedade, o nervosismo, o desejo de que tudo dê certo, mesmo que pareça ter dado tudo errado....o vestibular é assim mesmo.Não é a forma mais deocrática e tampouco a melhor para viabilizar o ingresso a uma universidade, contudo, é esse um dos caminhos mais utilizados, bem como o ENEM, para buscar o ingresso na Universidade.
Me chamou a atenção neste vestibular da UFSC duas coisas: O número de candidatos inscritos, que em 2010 eram 33.667 concorrentes e este ano reduziu a 30.389; E a abstenção, que já atinge números superiores ao ano passado, ou seja, com uma abstenção maior, diminui consideravelmente o "funil" entre os concorrentes e, certemante, notas de corte mais baixas em relação a vestibularesda UFSC anteriores.
Algumas dezenas de questões que não condizem com a realidade aplicada dentro dos cursos da UFSC definem quem entra ou sai da lista de aprovados, infelizmentes não são os mais aplicados que são aprovados, mas sim aqueles que não tiveram problemas de qualquer ordem nos dias anteriores às provas, ou seja, não é a competência que seleciona o aprovado e o reprovado. A perspicácia do candidato ajuda também, já que em uma prova de somatória, onde opções erradas anulam a questão inteira, pode ser um bom artifício ser cauteloso e não marcar aquilo que deixe dúvidas e ir focando no fato de somar pontos nas questões. O vestibular da UFSC usa uma lógica draconiana em que o que é levado em conta não é a capacidade do aluno em optar pelas opções corretas, mas enaltecer todas as questões erradas. A prova do vestibular como é forjada pela Coperve não é producente para adicionar conhecimento maior a quem se candidata, pois como uma bula de remédio, temos uma fórmula única, que distorce e de longe representa aquilo que é aplicado nos cursos.
A UFSC é uma das melhores universidades do país, possui bons cursos e muitos deles possuem uma estrutura docente que qualifica ainda mais, por outro lado, há problemas estruturais em outros cursos, como ausência de professores, de espaço físico e de materiais para o desenvolvimento das disciplinas aplicadas pelos cursos. Além do mais, a partir de maio de 2012 a UFSC passará por uma virada administrativa, já que é a primeira vez que uma candidatura de oposição venceu as eleições para Reitor (que corresponde a um Prefeito) e que gerenciará um Orçamento de mais de 1,1 bilhão de reais (o mesmo orçamento da cidade de Blumenau, por exemplo) e todos os desacertos de gestões desde sua fundação, em 1960.
Candidatos em Florianópolis
Em meio a isso tudo, os sonhos das dezenas de milhares que prestam anualmente o concurso vestibular da UFSC, sejam quaisquer pensamentos que sejam, mas seja pelo ambiente universitário, sejam por novas experiências pessoais, seja simplesmente para estudar e vislumbrar uma carreira profissional qualificada e reconhecida pela chancela "UFSC". E o povo sonha, e estão certos em fazê-lo, precisam fiar-se nisso, mesmo com o nervosismo normal nos dias das provas, buscar manter a serenidade é um dos caminhos para que o sonho vá além dos 3 dias de provas e alonguem-se por 4 ou 5 anos de curso, quiçá mais 2 anos de um mestrado e outros anos de um doutorado.
Que venha 2012 com mais 5 mil sonhadores buscando a realização de algo maior. A realidade os espera.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Projeto Memorial do Ministério Público de Santa Catarina

No campo da história temos várias perspectivas para abordá-la, escrevê-la, difundi-la, e uma delas é o campo da história institucional, que vem num crescente nos últimos anos no Brasil.
Especificamente quero dedicar algumas linhas ao projeto que faço parte como estagiário junto com outros colegas, e sob a coordenação do historiador Gunter Axt, que pretende tornar  acessível a história de ex-promotores e procuradores que ajudaram a constituir o Ministério Público de Santa Catarina.
Sim, torna-se interessante que seja contada a história daquelas pessoas que não tinham o contato direto com as leis e processos, mas que foram peças importantes para que esta instituição tenha se tornado um exemplo de defesa dos interesses coletivos e difusos. Contudo, o início do projeto já foi dado e os frutos vem sendo colhidos pouco a pouco, o que  poderá trazer aqueles que hoje fazem parte do Ministério Público catarinense a consciência do difícil caminho trilhado desde sua implantação, em 1891, ainda atrelada a estrutura do Tribunal de Justiça, até os dias atuais, com status de 4º poder, com autonomia sob suas ações.
O Projeto Memorial do Ministério Público no Estado vem dessa demanda de colher os vestígios e juntá-los de modo a tornar memória aquilo que está disperso e até esquecido pela instituição. A pesquisa feita nos arquivos da região de Florianópolis e a coleta de depoimentos orais de ex-procuradores vem pouco a pouco mostrando uma história permeada de dificuldades, desafios, particularidades, detalhes que passam direto pelos olhos daqueles que fazem hoje parte da instituição, mas que são fundamentais para entender de forma mais concisa e ampla como o Ministério Público chegou ao que é hoje.
O Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) é o órgão interno responsável pela condução do Projeto e conta com um corpo de estagiários do curso de História da UFSC e UDESC, que iniciou com a coleta de depoimentos no final primeiro semestre de 2010 e, no segundo semestre do mesmo ano, com a análise documental disponíveis nos arquivos do Estado, do Tribunal de Justiça e, principalmente, do Ministério Público do Estado. 
Um dos frutos desse trabalho foi o lançamento no começo do segundo semestre de 2011 do livro "Histórias de Vida", que conta com os relatos de 9 ex-procuradores-gerais e 1 depoimento do funcionário mais antigo da instituição na ativa. Além do mais, diversas fontes vem sendo analisadas e registrados dados sobre todos aqueles que atuaram como promotores, procuradores e demais cargos da carreira do Ministério Público, e que vão para um sistema de banco de dados que em breve estará disponível para consulta via internet.
Dentro em breve será instalado o espaço físico do Memorial, onde contará com imagens, objetos e demais materiais que buscarão expor ao público interessado essa história que pouco a pouco vem sendo sistematizada e em breve apresentada a todos.
Em 22 e 23 de julho deste ano ocorreu em Florianópolis o I Seminário Nacional Ministério Público, Memória e Cidadania, onde representantes da instituição de outros estados apresentaram ações legais no tocante a preservação do patrimônio material, bem como a preservação da memória e a promoção da cidadania. O saldo do compartilhamento de experiências entre os ministérios públicos estaduais presentes rendeu o documento "Carta de Florianópolis" que, dentre outros pontos defendem e reafirmam:

1- Estimular a divulgação e conscientização da função e da relevância dos Memoriais no âmbito interno dos Ministérios Públicos;
2- Estimular a criação do cargo do historiador no quadro funcional dos Ministérios Públicos, possibilitando o seu aproveitamento no planejamento e gestão dos Memoriais;
3- Divulgar extremamente o Memorial, possibilitando o conhecimento da instituição pela sociedade inclusive permitindo a percepção social das diferentes formas de atuação do Ministério Público;
4- Contribuir na sistematização da história, refletindo criticamente sobre a identidade institucional do Ministério Público Brasileiro.

Sendo assim, fica evidente que os Ministérios Públicos, paulatinamente vem demonstrando interesse e, mais que isso, promovendo efetivamente ações que visem tornar pública a sua história, visando também, em aspetos acadêmicos aguçar o interesse de graduandos e mestrandos da área de história em pesquisar esses arquivos, levantar outras problemáticas disponíveis nos livros e fichas, ampliar além dos muros institucionais, a presença do Ministério Público - no caso aqui, o catarinense - nos acontecimentos históricos gerais, nas relações não só jurídicas, mas políticas e sociais. O material é vasto, a instituição demonstra interesse em ter sua história contada, fazer parte da história como um todo.
Para quem tem interesse em obter maiores informações acessem o site do Memorial para que o leitor possa ter uma ideia da perspectiva de resgate institucional que o Ministério Público pretende e tem realizado.
Um pouco mais sobre o Projeto Memorial do Ministério Público pode ser visto nos três vídeos abaixo, onde o jornalista Ângelo Ribeiro abre espaço para a divulgação da iniciativa no programa Alcance, transmitido pela TV UFSC ao longo do mês de setembro:

terça-feira, 19 de julho de 2011

19 de Julho: Dia Nacional do Futebol. Temos o quê comemorar?

 
"Brasil está vazio na tarde de domingo né? Olha o sambão aqui é o país do futebol". Essa excelente canção interpretada pelo saudoso Wilson Simonal nos anos 1970 demonstra muito a intensidade da paixão do brasileiro pelo futebol. Essa paixão ainda permanece nos dias de hoje.
Contudo, é claro e nítido que essa paixão mesmo está nas peladas de finais de semana nos campos, quadras, reunir amigos, incentivar as crianças na prática esportiva, bem como colher e manter excelentes amizades, e claro, alguns tapas, afinal, campo, rememora a campos de batalha e, como em todo o campo de batalha, há distensões. O fato é que o futebol no Brasil popularizou-se de forma meteórica tem sido, por muitas oportunidades, o escape para os problemas diários. No futebol as pessoas extravazam, seja, jogando, ou vendo pela TV, ou ouvindo no radinho à pilhas, noventa minutos em que a mente relaxa das preocupações diárias, mesmo não praticando o esporte, só o fato de acompanhar ativa veias, artérias, neurônios e hormônios, o corpo se move, mesmo parado.
O Dia 19 de julho ficou cnvencionado como DIA NACIONAL DO FUTEBOL em virtude da fundação do clube de futebol mais antigo em atividade, o Sport Club Rio Grande, da cidade de Rio Grande, estado gaúcho, no ano de 1900. Esse clube nasceu para o futebol, já que clubes com fundações anteriores, como o Flamengo e Vitória, nasceram para prática de outros esportes, no caso desses citados, o remo e o cricket, respectivamente. Já o Rio Grande nasceu em virtude do futebol e, em sua história possui um título do Campeonato Gaúcho e atualmente disputa divisões inferiores daquele estado. Por curiosidade, a Associação Atlética Ponte Preta, nasceu um mês depois, em 19 de agosto.
A Seleção Brasileira de Futebol jogou sua primeira partida no ano de 1914, onde o Brasil, jogando de branco, venceu por 2x0 o clube inglês Exceter City. Desde então a nossa Seleção possui uma das mais respeitadas histórias vitoriosas do futebol mundial.
Dia Nacional do Futebol. Pena que não temos muito a comemorar em termos de futebol profissional. Clubes endividados e mal administrados, atletas que mal chegam nos clubes na adolescência e são cooptados por empresários que praticamente comandam esses clubes. E temos a Copa do Mundo em 2014. Estádios que o custo alcança as raias do absurdo e da brincadeira com a inteligência dos torcedores, isso sem contar no ad eternum presidente da CBF, sr. Ricardo Teixeira, que vem sendo alvo de denúncias de corrupção e tráfico de influência nos assuntos que envolvem o futebol e que em recente entrevista a Revista Piauí, de forma categórica, afirmou que ele pode fazer o que quiser, nada ocorrerá com ele e a Copa do Mundo sairá do modo que ele quiser. Pois é, o futebol tornou-se uma paixão prostituída por cafetões travestidos de dirigentes e presidentes de clubes e de federações. 
Os jogadores, esses também são prostituídos conscientemente pelos empresários e empresas de marketing esportivo, viraram intermediários de negóciatas nem sempre transparentes. Isso sem contar nos tais contratos de transmissão de TV, que simplesmente ignoram o torcedor, justo ele, que deveria ser a pessoa mais respeitada e bem tratada, os horários dos jogos mais respeitam o horário da novela ou do Faustão que a tradição do futebol em si e da viabilidade do torcedor em ir ao estádio.
Temos o Estatuto do Torcedor. E quem a respeita mesmo?? A CBF não respeita, os clubes a ignoram. A TV?? Essa mesmo é a mais hipócrita, pois produz diversas matérias sobre o assunto, mas ela mesmo desrespeita o torcedor, com seus jogos às 22h.
E eu sou apaixonado pelo futebol, cresci vendo e ouvindo os jogos com meu pai, torço para um clube, vibrei, torci, sorri e chorei por conta desse esporte, pratico o jogo com os colegas nos finais de semana, as partidas nos campos e quadras ainda me alegram muito, ainda e alimenta essa paixão, mas o "grande futebol", o profissional, do qual temos o DIA NACIONAL DO FUTEBOL, esse temos de lamentar... "Brasil está vazio na tarde de domingo né.."...Tenho esperança.

domingo, 17 de julho de 2011

Seleção Brasileira. Brasileira? Seleção? Seleção de quem e para quem?

Brasil eliminado pelo Paraguai da Copa América 2011.

É evidente que, quando ocorre eliminações das Seleções Brasileiras em esportes em que nos destacamos, as críticas negativas surgem ao normal. Contudo, não é de hoje que a Seleção Brasileira Masculina Principal de Futebol tem dado mostras de incompetência e mediocridade técnica.
É não é de agora. A Seleção que conquistou o penta, na Copa do Mundo de 2002 passou pelas mãos de Émerson Leão e Wanderley Luxemburgo antes de ser pega em cacos pelo Luís Felipe Scolari que, usando um jargão, tirou leite de pedra  e aproveitou a incompetência das outras seleções e levantou a taça mundial, com um Ronaldo em estado de redenção. Contudo, aquela seleção era 80% questionada, era desacreditada, face a mediocridade técnica de vários deles.
A Copa de 2006 tínhamos um elenco bom, mas que, por conta de interesses outros que não o futebol, fomos eliminados pela França. Aquela seleção tinha uma constelação de jogadores que pensavam mais em seus contratos de publicidade, no pagode dentro do aviao e ônibus e na concentração, que propriamente no futebol, fato que a torcida mais se interessa.
E o que falar da Seleção da Copa de 2010.. Inventaram um técnico, afinal, o Dunga até ali nem sequer tinha tido experiênias em clubes fora das 4 linhas, e, tal como a invenção, os resultados foram desastrosos na Copa do Mundo. Uma comissão técnica extremamente egocêntrica e antipática, reflexo da empáfia dos dirigentes que comandam a CBF, simplesmente transformou o selecionado nacional em um arremedo daquilo que sempre foi característico em nosso futebol: A alegria, a criatividade, o toque de bola eficiente com jogadas empolgantes, a habilidade enfim...
Tivemos uma seleção burocrática, apática em que o símbolo em campo foi o truculento Felipe Melo e o resultado foi a eliminação bisonha diante da Holanda.
Vamos seleções com um futebol em franca evolução, como a Espanha e Uruguai, em que temos, além de um futebol razoável e eficiente, vemos vontade desses atletas, o que no Brasil, deixamos de ver faz tampo, até nos títulos vemos uma certa displicência, jogadores que parecem não ter o menos interesse no título que ganham pela Seleção Brasileira, alguém aí lembra de grandes festas quando conquistamos os títulos da Copa América de 1997 para cá??
A Seleção Brasileira atual é um amontoado de jogadores que simplesmente não rendem em campo, até aqueles em que a torcida tanto queria em campo e não funcionam,o Paulo Henrique Ganso é o símbolo disso. O técnico Mano Menezes, com tão bons resultados como técnico de Grêmio e Corínthians, tem demonstrado não ter personalidade em treinar a Seleção Brasileira, ou seria uma conivente aceitação de influências exteriores (CBF) no trabalho dele? 
O fato é que a Seleção (teoricamente significa escolha dos melhores) não tem levado os melhores em campo, mas os melhores no marketing, os melhores nos contratos milionários, os melhores para outros interesses. Brasileira? O que vemos é jogadores cada vez menos comprometidos com o ato de representar o seu pais de berço em competições, é muita Europa na cabeça e pouco afinco em focalizar no Brasil, nos brasileiros que querem ver seu país em competições. Seleção de quem?? Bom, é cada vez mais claro que a seleção não é dos brasileiros, não é Brasileira. Seleção para quem?? Patrocinadores, uma rede de comunicação (GLOBO), cartolas que nada entendem e futebol, mas entendem de enriquecer a qualquer custo.
A Seleção Brasileira de futebol vive hoje do espectro de outros momentos gloriosos, do vulto de seleções, como as de 1958,1962, 1970, 1982, estamos em uma crise de competência, ética, de criatividade...estamos vivendo de vultos, de algo que não volta mais, mas que deveriam servir de bom exemplo, o exemplo sobre ter caráter, sobre jogar alegre, sobre encantar um mundo, sobre alegrar uma nação.
Sim, uma vitória da Seleção Brasileira não resolve os nossos problemas sociais, políticos, éticos e estruturais, mas, certamente, bons resultados no esporte são incentivos em nosso dia a dia, o esporte pode ser uma ferramenta positiva e exemplar para outras áreas de nossa vida. Contudo, pelo que vejo, todas as nossas mazelas estão cada vez mais escancaradas dentro de nossa "paixão nacional".
E a Copa do Mundo será aqui no Brasil em 2014. Lembrando uma velha canção futebolística dos anos 1970, "..é camisa 10 da Seleção, laiá, laiá, laiá. Peguem a camisa dele, quem é que vai no lugar dele..".
 

domingo, 19 de junho de 2011

Voltando ao cantinho de reflexões

Pois então amigos e amigas. O mês de junho está em sua segunda quinzena e com ele metade do ano inado embora.
As correrias cotidianas, textos, provas, trabalhos, ônibus para lá e para cá; Estágio terminando e recomeçando....

E no meio disso tudo o "cantinho virtual" de minhas reflexões ficou sem a minha atenção. Peço perdão a todos e a todas que costumam dar uma espiadinha por aqui.
Mas a ausência se justifica. Creio que muitos de nós que temos esse gosto por ter um blog e escrever para compartilhar com as pessoas, por vezes, acaba passando por esses hiatos de redação.
Gosto de escrever, criar, compartilhar opiniões e ler as opiniões de outros e outras, mas nem sempre o bendito do tempo nos é favorável, mas cá estou, o blog está vivo e logo compartilharei algumas coisas com quem curte navegar pelos blogs.
Estou aí.
Um abraço a todos(as).


terça-feira, 3 de maio de 2011

3 de Maio: Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Liberdade para quem?

A UNESCO, convencionou a data de 03 de maio como sendo o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, por ter sido nessa data, no ano de 1991, na Namíbia, país africano, ter ocorrido o Seminário de Promoção de uma Imprensa Africana Independente. Nesse seminário, foi assinada a Declaração de Windhoek.
A Decisão 48/432, de 21 de dezembro de 1991, da Assembleia Geral das Nações Unidas referendou a decisão e, desde então, o dia 03 de maio é uma data para a reflexão sobre a questão da Liberdade de Imprensa no planeta.
Muitos países possuem, de fato uma imprensa com plena liberdade para seu exercício, linhas editoriais, jornalistas com certa independência e Governos que prezam por isso. Contudo temos países e que essa relação é conturbada, seja por ingerência de Governos, seja pela imprensa estar nas mãos de poucos. Percebo no Brasil o segundo caso está mais evidente.
E isso não é de hoje: Assis Chateaubriand, com seus Diários Associados dominou o cenário da imprensa nacional por algumas décadas e, pelo poder que tiha, ajudou a introduzir a televisão no Brasil. Outras familias foram crescendo nesse cenário da imprensa ao longo da história nacional: Frias, Civita, Marinho...Enfim, as elites enxergaram na palavra escrita, falada e vista/ouvida um filão não só para a propagação da informação (objetivo primordial da imprensa, na teoria), mas como instrumento de influência e barganha.
Essa relação imprensa/elite/poder/manipulação se intensificou a partir da segunda metade dos anos 1960, com a queda do Governo instituído, sob o comando de João Goulart e golpe dado pelos altos setores militares e com forte apoio dos setores conservadores das elites nacionais. O leitor que tiver maior interesse é só dar uma vasculhada pela internet e ver as manchetes dos grandes jornais brasileiros entre os dias 31/03 e 02/04/1964, a "tal imprensa livre", foi livre para achar normal um Governo institucionalizado ser golpeado e militares alçarem ao poder...Relações de poder, barganha, favores..
Nos anos 1970, sob a égide da Ditadura Militar foi forjada um novo marco na imprensa, mais precisamente, junto a radiodifusão e teledifusão, que foi o Código Brasileiro das Telecomunicações. Como a relação entre imprensa escrita e imprensa falada é uma relação intrínseca, a CBT de 1970 interferiu substancialmente nas relações burocráticas de criações de novos canais de comunicação. Curiosamente, o que era o Éden de algumas famílias, passou a ser seara de atuação de políticos das mais variadas correntes ideológicas, ou não, que, apesar da lei não permitir, os políticos, através de brechas infindáveis nas legislações pertinentes, usa e abusa dos meios de expor a informação do modo e das formas que melhor convém.
Isso é liberdade de imprensa??
É engraçado vermos esses parasitas bradarem por liberdade de imprensa, liberdade de expressão, respeito a jornalistas e por aí vai..O mais engraçado é que essas mesmas famílias e grupos políticos que bradam pela liberdade de expressão e de imprensa, são os primeiros a lançar editoriais contra as rádios comunitárias, jornais de bairro, e blogues na internet.
A internet é a "menina dos olhos" da resistência e luta por uma, de fato, liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa só será exercida quando todos que tem interesse em expor notícias, investigar questões e divulgá-las ao povo tiverem o real direito de fazê-lo. Hoje temos é a liberdade de imprensa de meia dúzi de famílias e de alguns parasitas da política nacional de várias siglas que se valem dessa retórica.
Que os nossos cursos de jornalismo não sejam quintais das grandes corporações da informação, que nossos estudantes saiam com a mente comprometida com a informação plena e não com a informação que uma família Civita ou Sirotstky deseja passar. A Liberdade de Imprensa só será exercida aprofundando o debate, indo em oposição ao "status quo" de nossa atual imprensa e meos de comunicação, já temos manipulação demais, queremos é informação.
Que os ideiais e a essência daquele 03 de maio de 1991 na Namíbia possa ser levado em conta, que seja respeitado de fato, que a Liberdade de Imprensa não seja apenas um discurso retórico, mas uma prática diária.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Florianópolis 285 anos: Quem comemora?

Mercado Público Municipal. Florianópolis, 2010.
Dia 23 de março de 1726 a Ilha de Santa Catarina começa a ser povoada. Assim começa a história "oficial" da outrora de Nossa Senhora do Desterro e, hoje, conhecida como Florianópolis.
Começou como freguesia, elevada a categoria de vila e, mais tarde, município. Hoje é a capital do estado de Santa Catarina, onde, como toda a capital, possui quase que a totalidade da estutura dos entes públicos estaduais e grande parte das representações estatais da esfera federal. Por seu caráter insular, não há indústrias, por sorte ser centrado o produto interno bruto da cidade sendo alimentado pelos prestadores de serviços, comércio varejista e do turismo. É assim que Florianópolis hoje arrecada e se sustenta financeiramente.
Mas o que quero abordar é sobre o que temos para comemorar, quem comemora, a quem interessa as comemorações dos 285 anos de fundação de Florianópolis. Comemorar o quê mesmo?
Poderia revisitar historicamente diversas questões que reforcem minha opinião, contudo, só com o que a atualidade nos deixa à disposição posso responder de antemão: Eu e muitos moradores, estudantes e trabalhadores de Florianópolis não tem nada a comemorar.
Calçadão da Felipe Schmit, Florianópolis, 2010

Como comemorar se a capital catarinense, com 2/3 de seu território na Ilha de Santa Catarina não possui um sistema de transporte marítimo e tampouco uma estrutura logística para receber turistas por mar, ou seja, portos e atracadouros de navegação pesada; Comemorar o quê se Florianópolis possui um dos piores e mais caros sistemas "públicos" de transporte coletivo do Brasil, com empresas empoleiradas há vários anos prestando um serviço de péssima qualidade, com veículos mal cuidados, horários ou escassos ou mal distribuídos, terminais sem a devida estrutura e tamanho para a demanda; O que comemorar se a capital com mais de 400 mil habitantes possuir quase dois veículos por habitante e as vias disponíveis comportarem, no máximo, a metade desse fluxo..
Se não bastasse tudo isso, Florianópolis deseja ser a "Capital Turística do Mercosul" sendo que, além disso tudo que citei acima, a cidade não possui aparato de promoção consciente do turismo, tampouco estrutura física de informações para o visitante; O comércio nas praias é mal gerenciado; A especulação imobiliária, junto como a comissão e conivência do poder público tem dilapidado áreas de proteção ambiental e/ou de importância para a cidade; Com tantas áreas verdes, a cidade possui poucos passeios públicos com o mínimo de manutenção para que as pessoas possam caminhar, isso sem falar das ciclovias ou ciclofaixas, que, se temos 12km delas espalhadas pela cidade, os ciclistas mal tem por onde transitar com segurança;Bom, es os bairros, o saneamento básico, a falta de segurança, de fiscalização, os favores, as "moedas verdes", os mangues morrendo com tanto esgoto despejado neles, os morros ocupados desordenadamente?? Nossa!! Quem comemora mesmo??
Ponte Pedro Ivo Campos, Florianópolis, 2009.
Ahhh!!Claro, tem quem comemore. Em mesa de debate no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, na noite de 22/03/2011, o Professor Doutor em História Henrique Pereira Oliveira foi certeiro em uma de suas falas sobre a questão do poder, onde centrou-se na questão de Florianópolis. Diz Henrique que, ao ser arguido por uma jornalista de um canal fechado da região sobre as comemorações dos 285 da capital catarinense, respondeu que essa comemoração serve para uns poucos, que detém o poder de quase todos os meios de comunicação do estado (leia-se Família Sirotsky), dos velhos detentores do Poder Político na cidade e no estado bem como de alguns poderosos empresários "intocáveis". Só para eles, que escondem a realidade, não a expõem e, assim, mantém-se uma população em quase sua totalidade apática, vendo isso tudo e não tendo forças para agir. 
O Profº Dr. Henrique foi certeiro e assim deu de ombros para que a tal jornalista queria legitimar: O discurso daquela minoria poderosa que convém ter o caos à sua inteira disposição.
É a minha opinião. Definitivamente, Florianópolis, seu povo que, mesmo contra todas as adversidades, faz a máquina Florianópolis funcionar, não tem a comemorar, é apenas um dia de folga, isso quando a concedem.
Aos amigos(as) que passarem por aqui e lerem esse texto, conto com suas opiniões.
"Um pedacinho de terra perdido no mar.." (Rancho de Amor à Ilha, Cláudio Alvim Barbosa (Zininho), Hino Oficial de Florianópolis).

terça-feira, 8 de março de 2011

Toque de despertar! Incompetência do Estado disfarçada em toque de recolher

Por algumas vezes lemos, ouvimos ou assistimos notícias que tratam da questão do ato conhecido como toque de recolher.
Juízes que deliberam, câmaras municipais que aprovam leis no sentido e prefeitos que sancionam as mesmas. Esse artífice vem sobre a motivação de "proteger o jovem da crescente onda de violência nas ruas das cidades".
Pois bem. Normalmente o toque de recolher atinge jovens com menos de 18, 16 ou 14 anos, dependendo do caso, onde estes só podem permanecer nas ruas até determinado horário sob pena de ser recolhidos por autoridade policial e postos à disposição dos pais ou responsáveis para que sejam levados até suas residências.
Muitas pessoas, juristas e políticos são favoráveis a tal medida pois, no entendimento destas, o jovem deve ser resguardado dos riscos que as ruas podem oferecer, como o tráfico de drogas, prostituição e toda a sorte de violências cometidas no período noturno que, por vezes, tem como autores ou co-autores, os jovens.
Só esquecem que a violência ocorre a qualquer hora do dia e, em mais de 2/3 dos casos, quem comete ou idealiza os ilícitos são pessoas consideradas adultas pelo nosso Código Civil. Esquecem também de outra questão: Qualquer Lei deve ser respeitar a principal lei de todas: A Constituição Federal. Há um artigo que, só ele, impede essa falta de respeito com o(a) cidadão(ã) e que alguns, saudosos dos tempos que remetem as ditaduras que tivemos no Brasil, esquecem e ignoram: O Art. 5º em seu bojo garante o direito inviolável de ir e vir a todos(as) dentro do que prevê a Lei. Em outras palavras: É cláusula pétrea de nossa Constituição e todas as pessoas tem a liberdade de se locomover.
Entre juristas e políticos é de se imaginar que saibam que uma lei, determinação de um juiz ou de um município ou estado, jamais sesobrepõe ao que consta em uma lei federal, ou seja, todas as leis e códigos vigentes em nosso país devem respeitar os preceitos básicos constantes em nossa Constituição Federal.
Escrevi isso tudo porque, enfim, uma decisão unânime do Tribunal de Justiça de Santa Catarina colocou as coisas em seu devido lugar, no tocante ao respeito a hierarquia das leis nesse país, bem como indicar claramente quem tem a responsabilidade.
A pequena cidade de Massaranduba, entre os municípios de Jaraguá do Sul e Blumenau, em Santa Catarina, apresentou projeto de lei e, rapidamente aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo Prefeito, instituindo o "toque de proteger" a jovens até os 14 anos de idade.
Tão logo a lei foi sancionada, o promotor Belmiro Hanisch Júnior , da comarca de Guramirim,ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) e, como citei acima, o TJSC acolheu por unanimidade a proposição do Ministério Público.
Segundo matéria publicada em 04 de março, no Diário Catarinense, em sua versão online (clique aqui) o desembargador do TJSC, Eládio Torret Rocha, comentou a decisão: "É até compreensível a preocupação dos legisladores locais em face da violência que vivenciamos nas cidades, porém o trancafiamento de crianças em seus lares não me parece a solução, temos que chamar o Estado às suas responsabilidades de garantir a segurança da população", e completou, dizendo também que  "entre a liberdade e a clausura imposta por lei, fico com a liberdade".
Enfim um precedente importante que pode derrubar as diversas arbitrariedades tomadas por juristas e políticos pelo país que, ao invés de jogar a resonsabilidade nas crianças e adolescentes pela ausência de segurança e áreas públicas de lazer e ações de promoção do jovem, que possam cobrar dos Governos, seja estadual ou federal, maior efetivo policial e maior quantidade de recursos para tal, bem como cobrar ações, obras e programas que invistam em promoção da juventude e áreas de lazer.
Definitivamente, todos(as), sem distinção, tem direito ao lazer, diversão e, andar pelas ruas, socializar, se divertir, interagir, enfim, exercer plenamente seu direito intransferível de serem cidadãos(ãs).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Onda pela democracia: Oriente Médio e Norte da África em movimento

25/02/2011 - Bahrein

Postei pela última vez dissertando superficialmente sobre o processo de desgaste que culminou com a renúncia do premier egípcio Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro do corrente ano.
Semanas antes, na Tunísia, caía também o chefe de estado Ben Ali.
Desde então, o que certamente deveriam ser apenas "ruídos", tornou-se em muitos países do oriente médio e norte africano, grandes manifestações contra governos longamente duradouros e centralizadores.
A lista é grande: Irã, Argélia, Iemen, Jordânia, Omã, Bahrein, Marrocos. Líbia...Sejam sistemas de governos teocráticos, presidencialistas, parlamentaristas ou moarquias, não importa: A população anseia por mudanças profundas e estão cansados de ver no poder os mesmos, por vários anos.
As reações dos governos destes países variam: Sejam permitindo as manifestações, como na monarquia do Baherein (foto acima), sejam perseguindo opositores como no Irã, ou então matando a sangue frio como na Líbia..A cada ação dos governos, mais e mais populares e setores da sociedade aderem aos movimentos locais e, de tabela, a comunidade internacional, a ONU e a imprensa voltam seus olhos, canetas e lentes para esses páises em revolta.
O pano de fundo em todos esses países é o mesmo: Maior democracia e transparência, reformas estruturais e sociais profundas e maior e melhor equilíbrio e respeito entre situação e oposição. A população cansou de suas ditaduras e governos à base de intolerância.
Líbia. A antiga bandeira do país se multiplica pelas ruas.
Exemplo emblemático é o do ditador líbio Muammar Kadafi. Líder do país desde 1969, quando derrubou a monarquia existente e instituiu uma república islâmica militarizada de viés socialista, algo híbrido e, na prática, utópico, pois o que se tornou foi uma ditadura pura e simplesmente, vê-se cada vez mais acuado pelo povo cansado do egocentrismo carregado de empáfia e intolerância de seu líder. Enquanto o filho de Kadafi declarava que o Governo Líbio estava aaberto ao diálogo e assumindo ser necessárias reformas profundas, Muammar Kadafi, em ato com apoiadores dele simplesmente deu de ombros, ofendendo e ameaçando seus opositores.
Como curioso espectador, independente da crença religiosa e da linha política (socialista, capitlista ou neoliberal), estou com o povo, que pede nada mais, nada menos que reformas profundas, liberdade e democracia. É inconcebível nos dias de hoje convivermos com governos de cunho atemporal e centralizador. E não devemos esquecer que governos assim não existem apenas no Oriente Médio e no Norte da África, as ditaduras existem na Ásia (Mianmar, Coreia do Norte) e em outras partes do planeta. 
Que o povo vença e possa saber, depois, gerenciar essa vitória. Que esse movimento não seja apenas uma onda temporárias, mas que seja uma constante nos corações e mentes daqueles que se indignam diante das injustiças.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

11 de fevereiro de 2011: O Egito se liberta

O dia 11 de fevereiro de 2011 entrará definitivamente para a história vastíssima do povo egipcio, assim como para a história mundial.
Um chefe de estado que, por 30 anos comandou um país, cai diante da comoção popular, do poder das massas, da força unificada de um povo cansado de uma ditadura.
Hosni Mubarak desde 1975 foi vice do presidente Anwar El Saddat, alçando ao poder  no ano de 1981, após o assassinato de Saddat, morto por oficiais do exército contrários ao Tratado de Paz Egito/Israel . Teve o mérito de tornar pacifico a relação entre cristãos e muçulmanos, algo custoso em muitas partes do oriente e do ocidente. Enquanto o Cairo se manteve uma cidade com o peso da antiguidade, nao acompanhando os passos largos do desenvolvimento, visionou a construção de cidades satélites, de certa forma os impactos urbanos no Cairo foram atenuados, cidades modernas hoje existem ao seu redor.
Mas a forma austera de governar e as várias artimanhas na lei egípcia  contribuíram  para sua longa manutanção no poder. De líder caristático a ditador: O povo egípcio foi cannsando e isso teve seu ápice em 25 de janeiro, com o considerável aumento dos protestos populares contra Mubarak e seu governo. O pedido era um só: Sua renúncia.
Cntenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas do Cairo. O podoreio militar a mando do governo atacou os manifestantes, inocentes morreram e outros forma feridos. As manifestações espalharm-se para mais cidades, mais pessoas aderiram ao movimento libertador, mais repressão, maior a atenção internacional para a questão egípcia.
Enfim, pouco mais das 12h (horário de Brasília) a notícia da renúncia de Hosni Mubarak tomava conta das ruas do Cairo e de todo o Egito, bem como os canais de mídia deram a notícia que milhares de egípicios protestaram para conseguir.
Segundo informações, uma junta militar comandará o país até as eleições marcadas para setembro. Agora resta saber se as forças que se unificaram para derrubar um ditador, conseguirão manter esse espírito e viabilizar as mudanças que o Egito precisa e necessita, principalmente em sua política interna.
Que essa criança ao lado, feliz e talvez até não tão ciente do que está ocorrendo neste dia 11 de fevereiro de 2011, possa colher frutos desses quase 20 dias que mudaram a história do Egito. 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Coleção Tim Maia. Justo resgate

Um dos visionários da soul music no Brasil, praticamente pioneiro no estilo black de interpretar a música, Sebastião Rodrigues Maia, ou simplesmente, TIM MAIA, tem sua discografia revisitidada pela Editora Abril, através da Coleção Tim Maia.
 A história de Tim Maia dispensa maiores comentários. Filho mais novo de uma família de 16 irmãos, o jovem Sebastião já sabia o que queria: A música.
De coroinha de igreja na Tijuca e Rei da Sou Music no Brasil, Tim Maia trilhou seu caminho com as próprias pernas, se aventurou por 5 anos nos Estados Unidos, onde se ocupou em vários subempregos, além de se apresentar em uma banda montada por lá, além de efetuar pequenos furtos.Num desses furtos Tim foi preso, passou 8 meses detido e, em abril de 1964 retorna ao Brasil. Mas aí o jovem Tim veio com uma carga de experiências enorme: Aprimorou o inglés e bebeu da fonte, vendo e ouvindo de perto feras da música negra estadunidense, como Little Richard, B.E.King e o então jovem Steve Wonder.
Tim lançou dois compctos simples que não alçaram o sucesso..Mas veio o ano de 1970 e o disco Tim Maia 1970. A música brasileira não seria mais a mesma: Ganharia mais suingue e malícia, além de uma voz inesquecível. Naquele ano de 1970 até o lançamento do segundo disco, foram vendidas 250 mil cópias, números incríveis para a época.
Mas tudo era muito intenso na vida de Tim: Discos intensos, público intenso, vida atribulada e cheia de confusões sempre às voltas com drogas e álcool, apenas com um breve período entre 1975/76 onde entrou de cabeça na seita Universo em Desencanto, que pregava a Cultura Racional. Shows em que não comparecia, dívidas imensas..enfim..Mesmo com tudo isso Tim Maia mostrou ao longo da carreira iniciada em 1956 com a banda Os Tijucanos do Ritimo, até seu último show, em março de 1998 um talento e perfeccionsmo únicos. Os discos gravados pela Philips, os lendários discos do período da seita Racional e todos os outros pelo selo próprio Vitória Régia (nome da banda que o acompanhou ao longo de sua carreira).
Soul, funk clássico, MPB, baião, bossa nova, canções em inglês, tudo isso fez parte da discografia de Tim Maia com ampla qualidade e interpretação e desde fins de janeiro esses discos poderão ser adquiridos nas bancas de jornal ou diretamente pelo sítio da Editora Abril. São discos magistrais de um cantor com uma voz inigualável e perfeição melódica. Ao todo a editora venderá 14 álbuns em formato livreto e um, o 15º da coleção, será distribuído de forma especial apenas para quem registrar códigos dos discos adquiridos nas bancas ou comprando-os diretamente via sítio especial da coleção (clique aqui) .
Em meio a bandas e cantores de gosto extremamente duvidoso, que nos enche os ouvidos de besteiras e repetições sem o menor sentido, vaí aí uma bela pedida de música com conteúdo, qualidade e personalidade.
Ouçam no volume máximo!

domingo, 16 de janeiro de 2011

É hora de ajudar os irmãos do Rio de Janeiro

Postei aqui no blog a respeito das catástrofes e a solidariedade. Critiquei o que muito ocorre em tempos de catástrofe, em que é uma questão de tempo para que as pessoas simplesmente esqueçam o que ocorreu.
Bom, não só agora, mas sempre temos de ter em mente que poderemos ser vitimados por tais catástrofes, ou seja, pôr-se no lugar de outro e ter a consciência de que a ajuda dada hoje bem poderá ser a auda recebida amanhã.
Os entes públicos tem se desdobrado no tocante ao resgate e logística e nós, mesmo que à distância podemos ajudar de alguma forma.
Sempre nesses desastres se tornam imprescindíveis que ocorram a doação de roupas, alimentos não perecíveis, móveis, água e, também, dinheiro aos órgãos oficiais (Defesa Civil) dos municípios e estados, pois a emergência não pode esperar os trâmites burocráticos, nossa ajuda sempre é bem vinda.
Destaco e deixo à disposição de todos, as contas dos diversos entes públicos envolvidos nessa catástrofe no esstado do Rio de Janeiro. Ajude e pense no coletivo, torne a prática solidária um ato cotidiano:
 
CONTAS:
 
Defesa Civil do Rio de Janeiro: agência 0199, c/c 2011-0 - operação 006. (Caixa Econômica)
Prefeitura de Teresópolis: agência 0741-2, c/c 110000-9. (Banco do Brasil)
Prefeitura de Nova Friburgo: agência: 0335-2, c/c:120.000-3. (Banco do Brasil)
Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro: agência: 5673, c/c 00594-7, CNPJ 02932524/0001-46. (Itaú -341)
Fundo Estadual da Assistência Social: agência: 6570-6, c/c 2011 – 7. (Bradesco)
Cruz Vermelha - SOS Petrópolis: agencia 0080-9 , c/c 76000-5. (Banco do Brasil)
SOS Teresópolis - Donativos: agêcia 0741-2, c/c 100000-9. (Banco do Brasil).

As contas tive acesso através portal de notícias "Último Segundo", do provedor Ig. Vamos cada um fazer a sua parte naquilo que é possível. Hoje é o Rio de Janeiro que precisa de nossa ajuda, amanhã poderá ser cada um de nós.

Link utilizado como fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/saiba+onde+fazer+doacoes+para+as+vitimas+das+chuvas+no+rio/n1237947075743.html






quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Catástrofes e a "solidariedade"

O de 2011 começa e com ela notícias que já se tornaram uma infeliz rotina: Inundações, enxurradas, deslizamentos, destruição, mortes....
E não é escolhida uma classe social ou país: A Austrália sistematicamente passa por fortes cheias (esse ano não foi diferente) e aqui no Brasil...Bom, a cidade de São Paulo, que outrora fora conhecida como "terra da garoa", atualmente tornou-se numa grande área impermeável onde toda a água das chuvas vão parar nos bueiros que, por sua vez, desembocam nos falecidos rios Pinheiros e Tietê e, obviamente, devolvem a água toda; A cidade de Goiás, patrimônio cultural pela Unesco, vendo seus casarões com mais de 200 anos desabando, por conta da forçadas chuvas e pela correnteza que corta a cidade; Minas Gerais, em várias cidades os rios mostraram sua força e despejaram lama por todos os lados; E agora vemos, mais uma vez, cidades do Rio de Janeiro desaparecendo em lama e entulhos, centenas de pessoas morrendo, independente da conta bancária.
El Niño, La Niña..Não importa o fenômeno climático, é público, notório e amplamente sabido por todos que sempre nesse período do ano que as chuvas se intensificam. Não é novidade a ninguém, nem a quem mora em encosta de morro, em beira de rio e nem ao Poder Público, que não fiscaliza e permite, seja por comissão ou por omissão, que se construa em lugares assim. Infelizmente veremos essas cenas por alguns bons anos.
E a solidariedade??
Bom, em 2008 Santa Catarina foi vitimada por uma tremenda catástrofe natural e o Brasil inteiro ajudou com dinheiro e donativos. Em 2009, vários estados do Nordeste passaram por igual catástrofe e aí, cadê amesma solidariedade, mídia e tudo o mais?? Alguém lembra de campanhas de solidariedade para as vítimas das enchentes no Nordeste??
Enquanto famíliam vasculham nos escombros de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, pertences e buscam corpos, há poucos quilômetros dali, na cidade do Rio de Janeiro, 20 mil pessoasse acotovelam pra ver um jogador de futebol se apresentar ao Flamengo.. Fizeram a festa, armaram o circo e ignoraram a dor de muitas pessoas. Solidariedade ZERO, hipocrisia e individualismo a mil.
E assim a vida segue, nós não nos indignamos de fato, nós simplesmente vemos o "espetáculo da catástrofe" pela TV, vemos as fotos do desastre pela internet e em revistas e jornais, comentamos o "mais do mesmo" com nossos familiares, companheiros(as) e amigos(as), nos chocamos no momento, mas basta passar duas ou três semanas para que uma espécie de "lavagem cerebral" invada a grande maioria das mentes e aí a vida segue.Não há a solidariedade, não há a cobrança, não há planejamento... 
Definitivamente, a catástrofe dá audiência, já a solidariedade não.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

RAUL SEIXAS - Canto para minha morte (1984)


Definitivamente, essa canção de Raul Seixas, em 1984, encara de forma lúcida aquilo que nos é inevitável: A morte.

Nessa canção o Raul tegiversa sobre como poderia ser a própria morte, e, por que não, pensar na morte como um todo?
Afinal, ela está em cada canto, cabe nós nosaproximarmos dela ou as circunstâncias fazerem com que fiquemos por perto.
Resolvi escrever esse breve texto por um acontecimento lamentável que ocorreu justamente no primeiro dia do ano com a família de minha namorada. Um primo dela suicidou-se. Nesses momentos temos a plena certeza de que a morte está mais próxima aue imaginamos. Perdi meu pai há quase 19 anos e isso me fez ter contato cedo com a morte. A cada dia que vivemos, é certo que um dia se foi em nossa existência, e é assim que a vida segue, a cada novo começo é o fim cada vez mais perto, só ão sabemos quando "ela" chegará. E nisso está a magia de vida e a propulsora dela: A incerteza de quando será o fim, e é dessa incerteza que temos mais certeza de que queremos viver.
Espero que possamos refletir diariamente na estrada que temos a percorrer, nas pessoas que nos rodeiam, nas possibilidades de deixarmos marcas positivas nesse mundo. A vida vale à pena justamente pela emoção que caprichosamente Deus nos deu, que é a incerteza do dia de seu final. Pensemos na morte sim, ela está em cada situação, mas sem esquecer que a vida é mais importante.